Noite sem lua, lago sombrio e vazio.
Allison caminhou pensando que aquele seria seu último passeio e lamentou
que a lua estivesse encoberta e não lhe fizesse companhia..
Tão moça, tão cansada, tão triste.. Tentava  enquanto se dirigia para a
pequena ponte se refazer da tristeza.  Tudo tão silencioso.
Talvez se tivesse ido para o mar houvesse pelo menos o bater das ondas
nas pedras, e seria como uma trilha sonora para sua dor.

Mas o medonho silêncio gritava naquele grande lago.
Tirou os sapatos e deixou que seu pés sentissem o  gelado da madeira
molhada.. Precisava de pelos menos uma só sensação de que não estava tão só.
Que ainda estava viva, e essa sensação lhe dava alívio.
Lembrou-se das inúmeras vezes que já havia caminhado por aquela
pequena ponte alegre e muito feliz.  Mas não agora.  Sentia-se triste.
E como era diferente a sensação que sentia nesse momento.

Pronto. Havia chegado ao final  do trajeto.
Na beira da ponte observou a água escura e parada. Abaixou-se e como 
Narciso viu sua imagem refletida na agua.  Isso lhe dava medo e ao mesmo
tempo a deixava hipnotizada.
Da agua sua imagem lhe chamava "venha, pule".

Allison tão moca, tão linda, tão triste.
Aceitou o convite de sua própria imagem que lhe chamava e dizia
"Allison, melhor morrer aqui vingando-se da vida que não lhe deu tudo que
quis, do que viver tão triste pelo tudo que a vida tenta te tirar.

Assim, do alto da ponte escorregadia e fria, saltou.

Eternizou nesse gesto o momento mais feliz da sua curta existência .
 Transformou-se como Narciso na flor que agora boia no lago.

ysabella
Enviado por ysabella em 10/10/2008
Reeditado em 11/10/2008
Código do texto: T1222208
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