VIUVA POBRE NÃO PODE CHORAR

VIUVA POBRE NÃO PODE CHORAR

As atitudes das pessoas depende da situação financeira de cada um; os bem abonados tem motivos para se sentirem felizes e de bem com a vida porque nada lhes falta, moram em ótimas casas, tem comida de primeira qualidade e com fartura excessiva, vestem-se com roupas da melhor qualidade e suas famílias freqüentam bons colégios, clubes elegantes, teatros, restaurantes finos e por isso se diz que rico ri atôa.

Os pobres vivem com dificuldade, a maioria trabalha de manhã para comer á tarde e a vida lhes nega todos os confortos: nada de casa bonita,

comida boa e farta, roupas bonitas ou bons colégios, se dão por felizes se tiverem boa saúde porque pobre não tem o direito de adoecer, mas infelizmente adoecem e morrem; quando isso acontece tudo fica difícil, porque os pobres cumprem a ordem divina do crescei e multiplicai-vos.

A riqueza dos menos favorecidos são os filhos, se um casal rico tem dois a três filhos, um casal pobre tem oito a dez no mesmo espaço de tempo, porque os ricos recebem da vida sua parte de alegria em dinheiro e os pobres em numero de filhos, mas dinheiro dá o que comer e filhos apenas comem e nem sempre a comida é suficiente para todos; quando uma mulher cai na viuvez com dinheiro é uma coisa e apenas com filhos é outra

Essa diferença ficou muito clara quando Tonha e Evangelina enviuvaram com poucos dias de diferença, Tonha não era mais pobre porque era uma só e Evangelina era riquíssima; a pobre era mãe de cinco filhos e a rica de dois e todas as manhãs Tonha passava em frente a casa de Evangelina carregando um enorme feixe de lenha na cabeça, a rica senhora passava suas manhãs na janela se lamentando pela perda do marido.

Os dias passavam e aquela rotina não mudava, até que uma manhã a viúva pobre parou para descansar um pouco em frente a janela da desolada e abastada viúva; Evangelina enxugou os olhos no caríssimo lenço de rendas e disse: como eu invejo sua coragem Tonha, vejo você passar todos os dias animada e de olhos enxutos e eu não consigo parar de chorar pelo meu falecido marido, gostaria de ser forte como você, me ensina o seu jeito Tonha então respondeu: tenho certeza que seus filhos já comeram hoje dona Evangelina pois os meus ainda não, eles tem de esperar que eu vá ao mato catar esse feixe de lenha para vender e comprar comida para eles; eu também estou triste pela morte de meu marido, mas se eu parar para gemer e chorar os meus filhos vão morrer de fome, então o meu jeito de enganar a tristeza é a fome de meus filhos; se ocupe que a dor passa.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto tegistrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 10/10/2008
Código do texto: T1222076
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.