O Aniversário do Saci
NARRADOR: Naquele dia a mata estava em festa, era o aniversário do saci, o moleque travesso, que a noite passada havia aprontado na fazenda do Sr. Afonso... Amarrou o rabo do cavalo, tocou fogo na casa das galinhas e derrubou das árvores todas as frutas maduras e talvez por isso, ainda, em pleno meio dia, ainda estivesse dormindo. Mas isso foi o suficiente para os seus amigos, Visagem, Boitatá, Mula-Sem Cabeça e sua prima, a Cuca, resolverem pregar-lhe uma peça..
VISAGEM: hei meninas sabem que dia é hoje?
MULA SEM CABEÇA: não, não sabemos...
CUCA: ora sua bobona!É o aniversário do meu querido primo, o Saci.
Não é criançada?...Quem sabe dizer ai quando o Saci faz aniversário?
BOI-TA-TÁ: que tal lhe fazer uma surpresa?...
MULA-SEM CABEÇA: é, é isso ai!
CUCA: É gente vocês não acham também que o Saci, meu querido primo, merece uma homenagem?!...
BOI-TA-TÁ: e de presente a gente poderia lhe dar... Um Cachimbo e um macaquinho novo! Não, não! Um macaquinho! Ah! Já sei uma Carapuça, afinal a dele está muito cacaraquenta.
TODOS: O riso foi geral.
A VISAGEM: Pô Gente! Vamô levar o caso com responsa!
-CUCA: Ta bom! Ta bom! Vamos pregar uma peça no coisa ruinzinha!...Vamos comprar-lhe a tal Carapuça !
BOI-TA-TÁ: E por quê não dar a ele também um DVD da Educação Fiscal?
TODOS: Tudo bem, mas quem vai comprar!
BOI-TA-TÁ: ora o visagem pode comprá-lo!Por que ele é quem conhece e anda pelos cemitérios da cidade e sabe bem onde tem as tais lojas. Enquanto isso, eu e a Cuca organizaremos a festança!
VISAGEM: tudo bem, meu, aproveito e compro logo o meu abada da Mi-careta dos finados. E quem vai comigo comprar os presentes do Saci?...
NARRADOR: E assim, por livre e espontânea pressão, indicaram a Mula-sem cabeça, que nem se quer teve tempo de dizer não. Apenas fez uma carinha de tristeza, que o visagem se incumbiu de animar.
VISAGEM: Não fique triste Mula, eu te levarei para conhecer o Shopping Ararás, o Shopping Fortaleza e a expofeira.Te levarei na Mi-careta dos finados, na U.N.A e para ver a dança do Marabaixo no Curiaú. Depois a gente vai ao Lugar bonito apreciar a brisa do maravilhoso rio Amazonas. Se bobar meu, você vai ver até o G.T.A!
NARRADOR: A Mula-sem Cabeça, desmiolada mesmo, se desatou em risos e a se animar.Com as economias do cofrinho de todos da mata, a Visagem e a Mula rumaram à cidade.
Na cidade, em pleno Araras Center, depois de muito procurarem nos outros locais resolveram entrar numa das lojas e interrogar um corajoso vendedor.
VISAGEM: hei meu!
Vendedor: Pois sim?...Em que posso ser útil?...
VISAGEM: tu tens ai uma carapuça vermelha, um cachimbo ou um DVD da Educação Fiscal?
VENDEDOR: tenho essa carapuça, tenho esse cachimbo e o DVD é este aqui, o que vocês acham?
VISAGEM: É perfeito.Embrulhe que a gente vai levar.
NARRADOR: De volta a mata encontraram a agitação tomando corpo, em pleno dialogo da Cuca com a Boi-ta-tá.
O açaí dormia no alguidar, a farinha e o charque quentinhos esperavam na mesa, enquanto o tacho da Cuca fervia com a maniçoba, só esperando o vatapá que aquecia noutra panela de barro. O tacacá recebia os últimos temperos da Boi-ta-tá, que antes de uma respirada profunda e de suas costumeiras reclamações entraram em cena o Visagem e a Mula, com os presentes nas mãos.
BOITATÁ: puxa que coisa linda vocês compraram! Deixem eu ver!
CUCA: Calma Tatazinha, você é muito enxerida!... A gente não pode ver o presente antes do aniversariante, é falta de educação.Não é criançada?Quem é mal educado aqui?
MULA-SEM CABEÇA: É, é isso mesmo!
VISAGEM: Também acho, meu. Não fizemos nada de diferente, compramos o que tínhamos que comprar.
NARRADOR: Mas a curiosidade foi tanta, os comentários foram tantos, que até a Mula resolveu furar o presente. Ai a surpresa foi geral.
TODOS: Ah!...
CUCA: o que é isso meu Santo Antônio?
VISAGEM: Ué!...É uma carapuça e o tal do DVD da Educação Fiscal!
BOITATÁ: Eu sei Visa, o DVD tudo bem, mas carapuça rosa!... O Saci não vai gostar dessa brincadeira, ele vai aprontar para cima de nós!E se ele teimar em vestir isso pagará um mico na mata! É melhor vocês, voltarem lá com a nota fiscal para efetuar a troca!
VISAGEM: Xi, não temos a nota fiscal!
MULA-SEM CABEÇA: é!é! Não temos a nota fiscal!
BOITATÁ: Como vamos trocar!... Admiro-me do Visagem acostumado na cidade. Sabe que a nota fiscal é essencial, pois sem isso o governo não arrecada pra construir escolas, hospitais, praças e preservar o meio ambiente. A final, vocês crianças pedem a nota fiscal quando vão às compras com seus pais?
Pois bem, quem não pede a nota fiscal, está ajudando o mal comerciante. E o nosso Estado fica mais pobre. Inclusive nós ficamos sem ruas asfaltadas, sem hospitais, sem água tratada e muitos de vocês fora da escola.Não havendo investimento do governo no Estado, muitos pais ficam também sem empregos.Vocês querem isso para os seus pais?
CUCA: E agora crianças!... Vocês já sabem para que serve uma nota fiscal? Pois é, agora o visagem e a mula não tem como comprovar que compraram realmente a mercadoria numa loja e pior, o imposto pago ficou para o comerciante.Mas isso não vai ficar assim vou à cidade com a Visagem, enquanto Boitatá e Mula entregam os convites, isso antes das seis, pois o Saci logo estará aqui.
MULA-SEM CABEÇA: é, e se não trocarem!
CUCA: primeiro vou a Secretaria da Receita Estadual fazer uma reclamação e depois ao PROCON, fazer valer os meu direitos de cidadã. E se isso não der jeito transformo todos os sonegadores em pedra. Pois é o que eles são no progresso dessa terra.
NARRADOR: quando o Saci acordou, foi direto na casa da CUCA, tomar o seu costumeiro café, quando surgiram com o presente nas mãos, a sua prima CUCA, MULA, BOITATÁ, A VISAGEM e muitas crianças cantando em coro mais ou menos assim:
- Parabéns pra você!
SACI: Muito obrigado amigos, mas o que é importante neste dia é o que aprendemos. A nota fiscal e a sua importância para o Estado. Além do que se exigirmos a nota fiscal estaremos usando um direito e exercendo a cidadania.Pois se bem pensarmos, quando não exigimos a nota fiscal também somos responsáveis pela falta de hospitais, escolas e outros serviços em nosso Estado. Afinal uma sociedade boa de viver depende de nós.