Homem cego...

Saulo vinha apressado pela calçada até que se deparou com uma aglomeração de pessoas em torno de um homem que pregava com um livro preto em suas mãos...

Ao ir se desviando do público sentiu de repente um desejo de ouvir por instantes que fossem as palavras daquele homem de aspecto simples e voz sonora...

Reparou nas pessoas que como ele paravam seus olhos naquele homem com a expressão de quem espera respostas e também notou que haviam mulheres velhas, outras não, homens bem trajados, outros não, jovens e até crianças como aquela que segurava a cadeira de rodas de uma moça que pelo aspecto estava emocionada...

Nesse ínterim, voltou-se prestou atenção ao que falava o homem...

- Esforçai vós por compreender que a infelicidade não existe... É fruto do vosso orgulho que não permite ver os desígnios de Deus... Reparai como o cego de nascença foi curado pelo Mestre! É um homem que sofreu aparentemente inocente porque nascera cego, mas o Pregador já vos deixou escrito: “Há tempo para tudo... Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar e tempo de edificar... Tempo de plantar e tempo de se arrancar o que se plantou...”...

- Vede bem, aquele homem cego fez o que o Mestre lhe ordenou e crendo foi se lavar no tanque, então recuperou seus olhos... E não se intimidou quando inquirido pelos fariseus que não queriam ver Naquele homem que o curara, o Filho de Deus lhes disse: “- Eu era cego e agora vejo!”... Ouçam irmãos, não sabeis de onde vem e para onde irão, mas o Pai o sabe, assim como tudo que necessitais... Importa-vos nascer de novo... Lavai vós as vossas imperfeições... Ide agora, pois na casa de meu Pai há muitas moradas...

Saulo saiu dali e foi para casa refletindo nas palavras daquele homem... Ao chegar em sua casa já na sala viu sua família reunida tomando sopa e vendo TV, no noticiário o repórter informava o número de mortos pela fome num país africano... Então se lembrou do que falara o homem na rua e o entendeu... A infelicidade não existe senão para aquele que não compreende estar numa das moradas do Pai, disposto a fazer a Sua vontade em busca de se melhorar moralmente, afinal há tempo para tudo, inclusive colher o Bem e o Mal que se plantou...

Saulo vê sua esposa se aproximar e perguntar o que há com ele, pois ele sorri com o olhos cheios d’água... Sua resposta...

- Eu era cego e agora vejo!

Sandro La Luna
Enviado por Sandro La Luna em 07/10/2008
Código do texto: T1216122
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.