Pintadinha

PINTADINHA

Na Vila de São Bento havia uma alfaiataria que também levava o nome do santo padroeiro e era famosa pela bonitos ternos que confeccionava, mas ainda mais pelas brincadeiras de seus alfaiates e aprendizes, ninguém entendia como o serviço era feito com o tempo perdido com as travessuras.

De um jeito ou de outro, o trabalho rendia e todos eram bem atendidos, mas se eles trabalhavam bem se divertiam melhor ainda; o proprietário da renomada oficina se esforçava para manter a ordem e o respeito, mas como não podia perder todos os empregados de uma só vez, se fingia de morto.

O prédio da alfaiataria era de parede meia com um prédio vizinho, nesse prédio morava o juiz de paz do lugar que de pacifico não tinha nada, era um homem zangado, ranzinza, encrenqueiro e totalmente antiquado; para complicar mais a situação o homem tinha uma filha linda e assanhada.

Seu Nestor o juiz, vigiava a jovem Laura como um cão de guarda, mas ela sempre dava um jeito de enrolar o pai e um dos rapazes da alfaiataria era louco por ela, mas tinha muito medo do violento Seu Nestor e por isso não se aproximava da moça; mas resolveu ao menos olhar de longe.

De um lado da parede que dividia os dois prédios ficava o banheiro da casa do juiz e do outro lado o deposito de tecidos da alfaiataria, o apaixonado alfaiate teve a idéia de furar a parede e olhar a jovem Laura durante o banho e assim o fez, mas foi descoberto pelos colegas.

E todos exigiram olhar também ou contariam ao patrão o que acontecia, assim começou o entra e sai no quarto dos tecidos; essa brincadeira durou meses seguidos, até que Seu Nestor descobriu o furo no alto da parede e desconfiou do que estava acontecendo, se calou e esperou a hora do banho.

Quando Laura entrou no banheiro, ele deu a volta e entrou rapidamente na oficina se dirigindo direto para o deposito de tecidos, pegou um dos rapazes de olho grudado no furo da parede e o tirou de lá a tapas, foi uma pancadaria enorme, sobrou chutes e murros para todos os presentes na hora.

Seu Tonico o chefe da oficina não entendia o que estava acontecendo, tentou socorrer seus empregados e levou um par de murros, mas quando as coisas se explicaram deu total apoio ao ofendido pai pediu desculpas e prometeu que os culpados seriam demitidos, mas isso não foi possível porque todos eram culpados e seus negócios acabariam,

A alfaiataria mudou de endereço longe das paredes dos vizinhos; um dos alfaiates contou para a cidade toda que Laura tinha o corpo cheio de sardas e a moça ganhou o apelido de Pintadinha e nunca mais se livrou dele; a jovem se divertia com o acontecido e com o apelido, mas Seu Nestor nunca se conformou nem com uma coisa e nem com a outra.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

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Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 03/10/2008
Código do texto: T1210368
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