FLORES DE JUNHO

FLORES DE JUNHO

Na minha infância havia a tradição de que no dia de São João Batista, ao nascer do sol quem olhasse em uma água corrente e visse sua sombra, viveria mais um ano: como eu nasci no dia daquele santo, minha família todos os anos me levava para a beira de um córrego antes do amanhecer e esperávamos o sol.

Eu era levada em um carrinho, puxado pelo meu amigo Zalina, que durante a caminhada colhia umas flores amarelas, comuns no mês de Junho e me cobria e coroava com elas; com aquela coroa de flores, eu me sentia uma princesa das mil e uma noites; rezávamos um terço e quando o astro rei aparecia, cumpríamos a tradição de verificar na água se viveríamos mais um ano.

Chegando em casa convidávamos os vizinhos, todos cantavam o Parabéns Para Você e terminávamos a comemoração com bolos, biscoitos e chocolate quente; minha infância passou e ficou a lembrança daqueles dias felizes junto de minha família e de bons e saudosos amigos; a vida continuou sem os prazeres simples de antigamente, mas as boas e alegres recordações permanecem para sempre

Todos os anos no dia de meu aniversario, me lembro dessa antiga tradição e penso que passados tantos anos se eu olhar para águas correntes, posso tomar um susto por não ver minha sombra e ficar com medo de não viver mais um ano.

Ao mesmo tempo me consolo, porque com a poluição que tomou conta das águas, vai ser impossível ver seja lá o que for e continuarei vivendo e confiando que vou chegar aos cem anos, se o bondoso Deus de der essa almejada licença.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 02/10/2008
Código do texto: T1208553
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