DONA HILDA E SEUS DOIS MARIDOS
DONA ILDA E SEUS MARIDOS
Era elegante aquela dona Ilda, bonita não era e nem feia era apenas uma figura comum: morena, cabelos castanhos, olhos escuros e dentes alvos ligeiramente tortos, se as pernas eram finas, os seios eram fartos e firmes; ela era toda assim para cada desvantagem vinha logo uma compensação, mas era charmosa a criatura e os homens olhavam para ela.
Aos quinze anos ela já era assediada e muito pelos rapazes, ela apreciava toda aquela admiração e como era de se esperar antes dos vinte anos já estava casada com o Américo, ele era boa pessoa e trabalhador, mas não era nada romântico e a jovem Ilda esperava mais do casamento, os dias passavam e a situação não mudava e cada vez ela gostava menos.
Com vinte e cinco anos ela já era mãe de três filhos e continuava se sentindo desperdiçada com aquele marido rústico e sempre com dificuldades financeiras; o dinheiro contado ela até suportava, mas a falta de carinho e gentileza não, Américo chegava do trabalho e queria saber apenas o que tinha para o jantar, nem um agrado ele fazia.
Um dia chegou na cidade um rapaz moreno, bem vestido e namorador, era o novo bancário de uma das agencias existentes no lugar e com tanta moça solteira ele se encantou com a simpática e romântica Ilda; o namoro dos dois começou discreto e logo se tornou evidente, mas o marido não se deu conta do que acontecia bem na sua frente.
O romance do bancário e da dona de casa se tornou publico, mas ninguém queria dar a má noticia ao marido enganado e o amor dos dois só aumentava, o rapaz que se chamava Leandro preocupado com as possíveis conseqüências do caso pediu para ser transferido para bem longe dali e foi prontamente atendido, ele se foi e o assunto morreu.
Por pouco tempo o assunto foi esquecido porque Leandro não suportou a falta que Ilda lhe fazia, voltou a cidade onde ela morava e ao encontra-la pediu desculpas pela partida e a convidou para ir com ele e o convite foi aceito, naquele dia mesmo ela partiu e não mais voltou, deixando marido e filhos para trás.
Depois de alguns anos ela tentou se comunicar com os filhos e foi repelida por eles; ela desejava todos os dias a morte de Américo, para se casar legalmente com Leandro, mas Deus ou a vida lhe deu uma lição de mestre: Leandro adoeceu gravemente e morreu e dois dias depois quem morreu foi o Américo, viúva de dois ficou só.
E só ela vive até hoje, pois cesteiro que faz um cesto faz um cento e homem nenhum quer se arriscar com uma de mulher que abandonou marido e filhos por outro; Hilda continua elegante e simpática e até bem financeiramente, porque com as novas leis do concubinato ela se tornou herdeira de Leandro, mas é e será sempre infeliz, é viúva duas vezes e mãe de quatro filhos e vai morrer só em algum canto.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA