DOENÇA MISTERIOSA

DOENÇA MISTERIOSA

Entender de medicina é coisa para médicos, mas o básico está ao alcance de qualquer pessoa, mesmo dos menos inteligentes; ao falar em doenças e cirurgias , o melhor é deixar os termos cientificos e se expressar no jargão popular, para não ter que morder a língua e evitar as chacotas dos amigos e principalmente dos inimigos de plantão.

Na cidade de Malvarisco existia de tudo um pouco: gente feia e bonita, inteligente e ignorante; era uma miscelânea que sempre fornecia motivos para boas gargalhadas, mas era um lugar de gente muito brava e rir as vezes causava brigas e as vezes até mortes, mas nesse caso acontecido lá, não se chegou a tanto.

Aconteceu que o doutor delegado da cidade estava se sentindo péssimo e resolveu ir se consultar com um conceituado médico da capital do estado, ficou por lá vinte dias e quando voltou estava curado de seu problema, mas ao certo ninguém sabia qual era esse problema, todos estavam curiosos , mas perguntar a ele era difícil.

A respeitada autoridade era de pouca ou nenhuma conversa e extremamente mal humorada, os dias passando e a curiosidade do povo aumentando, mas estava na base do sem jeito porque a senhora do delegado também era de pouco assunto e as demais senhoras da cidade não se atreviam a fazer a pergunta que não queria calar.

Mas como todos os seres desse mundo, a esposa do delegado tinha seu ponto fraco: era gulosa, adorava doces de todos os tipos; então Justina a melhor doceira da cidade passou a levar tortas e docinhos de presente para a senhora delegada e foi pegando intimidade na casa, até que um dia depois de presentear a dona com uma linda bandeja de folhados de nata, ela perguntou de leve: dona Edilia de que mesmo que o sô delegado sofria?

A adoçada e culta dama respondeu: há coitado, ele precisou retirar as Trompas de Falópio, mas já está bom graças a Deus; a doceira Justina que não era nenhum primor de inteligência ouviu e não entendeu nada, mas tratou de espalhar a novidade e entendia menos ainda as risadas que um assunto tão serio causava.

Até que alguém mais esclarecido explicou o mistério para ela: olha Justina, nós rimos porque homem não tem trompas, só as mulheres tem esse privilegio e nesse caso o nosso apreciado delegado é um autentico fenômeno; dessa vez não deu briga e nem morte, pois ninguém era valente o bastante para informar o ocorrido para a carrancuda autoridade; o assunto não teve cura, morreu.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 24/09/2008
Código do texto: T1194827
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