O TRAMBIQUE NA COSTUREIRA
O TRAMBIQUE NA COSTUREIRA
A primeira providencia de Pedro ao chegar em Belo Horizonte, foi procurar no catalogo telefônico endereços de parentes e conterrâneos, fez uma lista enorme e partiu para a primeira abordagem; com uns trocados que o caminhoneiro que o trouxe de São Paulo lhe deu, ele pegou um ônibus e desceu certinho na porta do primo José, foi uma escolha acertada porque José era uma pessoa solidária, amigo do mundo em geral e dos parentes em particular, e o Pedro foi recebido com toda boa vontade; ele pediu para passar uma noite e foi ficando como era seu costume, o tempo passando e ele lá firme e forte.
Nana uma das filhas de José que costurava muito para ajudar nas despesas da casa, foi a primeira a reclamar daquele hospede inútil e permanente, mas foi acalmada pelo pai que lhe garantiu que aquele encosto logo arranjaria trabalho e moradia; percebendo a má vontade de Nana, Pedro procurou agradar se oferecendo para ajudar a carregar uma mala cheia de roupas que o irmão da costureira ia entregar para algumas clientes; essas clientes compravam as roupas com algum prazo para o pagamento, e na data acertada o irmão de Nana foi receber e teve a maior surpresa: o safado do Pedro tinha anotado os endereço, passara um dia antes do previsto e levara todo o dinheiro
Quando a moça recebeu a desagradável noticia, o malandro já dera o fora e só lhe restou o direito de chorar de raiva e desapontamento; quando aprontava alguma Pedro Glostora sumia da região por algum tempo e depois reaparecia com a maior cara de pau, durante esses sumiços ele pegava caronas e visitava outras cidades, sempre guiado pelo seu precioso livro de endereços, que estava sempre a mão em sua inseparável pasta preta.
De cidade em cidade, de parente em parente ele visitou grande parte do Brasil, sempre as custas de outras pessoas, porque trabalhar não era com ele, até a palavra trabalho lhe causava urticária e ataques de asma; viveu muito e nunca trabalhou, era um sem vergonha de muita sorte.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA