FORÇA BRUTA

Um filete de sangue escorre por sobre meus olhos, turvando minha visão, colando meus cílios. Sinto um cheiro estranho e, então, a dor aguda, profunda, lancinante, do ferro marcando meu corpo. Tento gritar, mas o joelho de um dos homens está pressionando meu pescoço contra o chão.

Mal consigo respirar. Uma lágrima cai do meu olho esquerdo, que está muito perto do solo. Água, sal, sangue e terra se misturam; dor, desespero, impotência e humilhação se confundem, mas nada comove nenhum daqueles homens.

Eles conversam, riem, contam piadas, alheios ao meu sofrimento. Partem, agora, para a última tortura: minhas pernas são puxadas para frente, amarradas, e meu saco escrotal tracionado para trás. A lâmina amolada rasga a pele, meus testículos imaturos são expostos e os canais que os prendem, rompidos com vigor, causando uma dor inenarrável.

Tudo está acabado. Meu destino está traçado.

Agora só me resta ir para o pasto, engordar.

Kathia Brienza
Enviado por Kathia Brienza em 20/09/2008
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