ESPERTO?
ESPERTO?
Para um bom sabido, sempre existe um melhor; Lilicco de Rosa se julgava o mais esperto dos mortais: trambiqueiro, enrolado e enrolador, seu prazer era passar as pessoas para trás e até que conseguia, mas se um dia é da caça outro é do caçador, e foi em um desses dias que Lilico se estrêpou, e foi bem assim: naqueles lados tranqüilos poucas novidades apareciam, mas de repente uma apareceu e era das grandes.
Correu a noticia que um cidadão vindo da cidade grande, estava oferecendo um grande negocio, era nada mais nada menos que a venda de uma maravilhosa maquina que fabricava dinheiro, o melhor era que ele estava disposto a vende-la pela melhor oferta; foi um Deus nos acuda todos os moradores daquele lugar, se candidataram a proprietários da fabulosa engenhoca.
As ofertas eram feitas dentro das possibilidades de cada um, mas o dono da coisa queria sempre mais, até que apareceu o Lilico de Rosa e com seus ares superiores pediu uma prova da eficiência da maquina, o dono da mesma rodou uma manivela e notas de cinqüenta mil reis saíram de dentro dela; Lilico se encantou com a novidade, examinou bem o objeto e pensou: é agora que fico podre de rico.
Ele tratou de afastar a concorrência, oferecendo um valor bem maior que os oponentes e vai daqui e dali e o esperto Lilico comprou a famosa maquina e a levou para casa, lá chegando encheu a coisa de pedaços de papel, rodou a manivela vendo notas de cinqüenta caírem como por milagre, mas o milagre durou pouco porque eram apenas umas três ou quatro notas e depois só saiam pedaços de papel em branco; ele rodou, rodou e nada, o dinheiro era só o colocado pelo antigo dono, para enganar os tolos.
Lilico entendeu logo que levara uma rasteira, foi procurar o vendedor para reclamar seu dinheiro de volta, mas só encontrou o povo rindo as suas custas, pois o fulano já fora embora e jamais foi encontrado; desacreditado e humilhado Lilico perdeu o costume de enrolar as pessoas e se mudou para um lugar bem distante, para se livrar da zombaria dos vizinhos.
Mas de nada adiantou a mudança, porque de alguma maneira misteriosa a noticia o acompanhava por mais que ele se mudasse; ele ficou conhecido como o esperto que foi enganado, vencido pela própria esperteza e ganância.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA