SAI DE BAIXO MOCINHA
SAI DE BAIXO MOCINHA
Existem uns poucos assentos nos ônibus de Belo Horizonte, reservado para idosos, grávidas e obesos, mas aquelas placas de aviso são de pouca ou nenhuma valia, pois os jovens simplesmente as ignoram e ocupam os tais acentos reservados; infelizmente dona Maria é uma pessoa idosa e também deficiente, para completar é dada a criar casos, e com essas referencias ela é a pessoa menos indicada para viajar de ônibus, menos ainda para reivindicar seus direitos sobre os citados bancos reservados, porque para isso é preciso ser paciente e a velha senhora não é nem uma coisa e nem outra.
Um dos incidentes que a velhota promoveu, foi com uma jovem morena , bonita e mal educada, foi bem assim: em uma sesta feira a tarde, ônibus lotado e um calor senegalês, dona Maria subiu no coletivo apoiada em sua bengala e deu de cara com a jovem morena ocupando um dos bancos dos idosos, ela olhou direto e ficou esperando a moça ceder o lugar, mas ela nem se mexeu, ai a irritada senhora disse: com licença minha filha, esse é um lugar de idosos, ao que a jovem respondeu: pode até ser vovó, mas não vou me levantar porque paguei a passagem e você não, surpreendentemente a velha senhora sorriu e agradeceu assim: muito obrigada meu bem, eu adoro me assentar no macio e se acomodou nos joelhos da moça.
A infeliz ficou achatada no pouco espaço que havia, em poucos segundos a mal educada jovem gritou: eu me levanto pode ficar com seu banco, e passou a roleta correndo debaixo das vaias e risadas dos demais passageiros,; dona Maria se assentou confortavelmente, encerrou o assunto dizendo: aprendeu papuda, eu sou velha mas não sou burra; assim são as coisas atualmente, os idosos tem que ficar espertos e deixar as boas maneiras em casa, porque se depender dos jovens só vão viajar de pé, porque os meninos de hoje não sabem que a velhice e as deficiências chegam para todos, é só esperar a areia do tempo correr.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA