PAUZINHO COLORIDO

PAUZINHO COLORIDO

Até seus cinco anos de idade, aquela menina só conhecia a vida de criança criada em apartamento, sua rotina era sempre a mesma: depois do café da manhã fazia o pequeno dever de sua escolinha, ia assistir televisão ou brincar com suas bonecas até a hora do almoço, depois do almoço acontecia o esperado momento de ir a escola, o bom não era a escola em si e sim o prazer de ver o movimento das ruas.

De dentro do carro a menina se esforçava para ver o maximo do mundo lá fora; a tarde quando sua mãe ia busca-la era a mesma coisa, ela tentando ver coisas diferentes pela janela do carro, mas pouco via e chegando em casa voltava para o sofá, a televisão e as bonecas, outra de suas distrações era a comida, e o dia todo ela se fartava de biscoitos, docinhos, balas e refrigerantes.

Gracinha era o seu nome, e era realmente uma graça, mas com uma vida tão parada e repetitiva ela se aborrecia, apesar dos mimos que lhe eram dispensados por todos, para piorar ela era a única criança naquela família e vivia rodeada de adultos, que se esforçavam para agrada-la, mas todos trabalhavam muito e nos finais de semana, estavam cansados demais para saírem com ela.

De repente um milagre aconteceu, os pais e avós de Graçinha se mudaram para casas grandes em um bairro tranqüilo, de ruas sossegadas; a menina não se cansava de admirar seu bonito quartinho, o quintal espaçoso e principalmente a rua, onde ela podia brincar com sua bicicleta novinha

sem correr perigos, sempre a vista da mãe ou da tia, era o paraíso afinal.

O bairro era novo e restaram algumas áreas cobertas de mato e arbustos, mas a família estava atenta para a menina não se aproximar desses lugares; as casas compradas pelos parentes de Gracinha eram próximas, em lados opostos da mesma rua, ela pedia para ir sozinha a casa de sua avó, mas sua mãe não permitia, mas ela insistiu tanto que conseguiu permissão para a aventura.

Certa manhã a menina começou a atravessar a rua para ir a casa da avó, de repente parou e se abaixou pra ver alguma coisa, sua mãe lá do portão perguntou: o que foi Gracinha? Ela respondeu: vem ver mamãe que pauzinho colorido bonitinho, corre que ele está indo embora, a mãe correu e chegou a tempo de afastar a menina de uma reluzente cobra coral, de quase meio metro de comprimento.

Foi um susto enorme, os vizinhos acudiram aos gritos, um deles matou a peçonhenta e explicou para Gracinha que pauzinho colorida que se move é muito perigoso; foi o começo do aprendizado de uma criança de apartamento, que jamais havia visto um bicho vivo em sua vida, com o tempo ela aprendeu que a beleza pode esconder muito perigo e maldade, e se tornou uma criança muito experta.

Maria Aparecida Felicori { Vó Fia }

texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 09/09/2008
Código do texto: T1169324
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