O SEQUESTRO DA MULA

O SEQUESTRO DA MULA

Mulas são sempre iguais: quatro patas, duas orelhas e tudo mais que se sabe, mas Brunhilda era uma mula diferente começando pelo nome retirado de uma historia alemã; era chic aquela mula com seu pelo castanho, seus brilhantes olhos saltados, suas pernas compridas e fortes e seu pisar elegante, era mesmo uma bela representante de sua raça.

Brunhilda era o orgulho de seu feliz proprietário, ele passeava por toda região só pelo prazer de exibir sua bela montaria, mas amor pela mula tinha Seu Antero o sogro de seu dono; de repente a preciosa mula desapareceu, saíram todos a sua procura e nada de encontra-la, depois de quatro dias de procura, a conclusão foi uma só: Seqüestro.

Parecia mesmo que o animal fora seqüestrado, porque naquele pequeno lugar não havia espaço para sumiços voluntários, Zinho o dono de Brunhilda manteve a calma, mas seu Antero ficou muito zangado e foi procurar a policia, voltou mais bravo ainda pois o delegado ouviu a queixa e disse: a mula está por ai mesmo e vai aparecer de repente, tenho mais o que fazer.

Dadas as circunstancias o jeito foi esperar, o único que continuou a procura foi o sogro de Zinho; com uma foto de Brunhilda nas mãos, ele andava pelas redondezas mostrando a foto a todos que encontrava e perguntava: viram essa linda mula? O assunto se tornou a piada do lugar, mas o velho não desistia e nem se importava com as brincadeiras dos amigos.

Até que sua persistência foi premiada com a noticia da presença do animal lá pelas bandas da captação de água da Vila, seu Antero correu para lá e encontrou a amada mula, mas o fazendeiro Lazinho já estava arriando a mesma e disse: essa não é a mula de seu genro, eu comprei e paguei por ela e não vou devolver.

Armou-se uma grande discussão e ninguém desistia, até que Brunhilda começou a pular e dar coices conseguindo derrubar a caixa de água, que se quebrou espalhando água por todos os lados; diante do prejuízo a coisa mudou e Lazinho disse: pode levar seu Antero me enganei, essa é a mula de seu genro, seu Antero respondeu: não é não, essa é sua mesmo, porque a Brunhilda é muito mansa, nunca deu um coice na vida.

Estava armada a encrenca, porque nem um e nem o outro queria ser responsável pela mula, e a coisa foi parar na justiça; a mula foi presa e no dia da questão ser julgada, o juiz resolveu a o assunto com a maior sabedoria, depois da recusa dos dois envolvidos em pagar os prejuízos, ele deu a sentença: em vista do animal não ter dono, será sacrificado e transformado em sabão que será vendido para pagar a caixa de água e as custas do processo.

Lazinho não se manifestou, mas em seu Antero o amor falou mais alto, ele se lembrou das vezes que Brunhilda o levou para passear ouvindo com toda paciência os seus causos, porque sendo gago ninguém queria conversar com ele, e das muitas vezes que ela esperou de pé como um guarda-costas, que ele pescasse durante horas, ele se levantou e gaguejou: me lelenbrei a muula é de meu geenro, eu paago tudo; o meretissimo juiz anulou a sentença, ele pagou e a mula foi entregue; o caso foi encerrado finalmente debaixo de uma chuva de aplausos e gargalhadas.

Maria Aparecida Felicori{Vó fia}

Texto registrado no EDA

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 08/09/2008
Código do texto: T1168252
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