PARAIBA MINEIRA
PARAIBA MINEIRA
Existem mulheres tímidas, suaves, gentis, delicadas e essas trazem doçura para o mundo, mas existem as chamadas Paraibas que são rudes, grosseiras, ásperas e que não contribuem com nada de bom para ninguém, são guerreiras frustradas que só não declaram guerra ao mundo, porque não possuem um exercito a sua disposição, mas conseguem sua guerrilha particular, infernizando a vida de sua família e de todos que se aproximam.
Dórica era a expoente máxima da paraíba e se orgulhava disso, ela era arrogante, atrevida, autoritária, mas era uma mulher linda com seu corpo bem feito, seu rosto perfeito, dentes como perolas e para coroar tudo isso os mais lindos cabelos negros, seus olhos negros brilhavam como esmeraldas, mas os rapazes ao se aproximarem era tratados com tamanha grosseria, que se afastavam apavorados e decepcionados.
Os maus modos da bonita criatura irritavam profundamente sua família, que tentavam de todas as maneiras possíveis lhe arranjar um marido, pois o sonho de todos era se livrarem dela, mas essa era uma missão que parecia impossível porque ela não colaborava, depois de algum tempo desistiram e se conformaram com a impossibilidade de se livrarem daquela peste, mas de repente um milagre aconteceu na abençoada pessoa do Lusca.
Ele era um rapaz tímido, de pouca conversa e de maneiras educadas que não tinha nada a ver com a nada sociável Dórica, mas ele se apaixonou por ela e em pouco tempo estavam noivos e em poucos meses estavam casados, e o esperado aconteceu: a paraíba tomou as rédeas da casa, dos negócios e da vida do tímido Lusca e tudo passou a correr mal, porque a megera era péssima comerciante e em pouco tempo os prósperos negócios do marido rolaram por água abaixo.
Com o dinheiro curto, o mau gênio da criatura ficou pior e passou a humilhar o marido de todas as maneiras, ele só andava dois passos atrás dela, fazia as refeições na cozinha e quase não falava, com medo de desagradar a irascível esposa, até apanhar dela ele apanhava; em pouco tempo ele era a piada da cidade, todos riam as suas custas, e se alguém perguntava porque ele não se revoltava, ele respondia que ela era o amor de sua vida.
Dórica mandava em tudo e mandava mal, devia a todos na cidade e quando recebia cobranças pagava com grosserias no lugar de dinheiro, e as pessoas deixavam de receber o que lhes era devido, para evitar brigas e escândalos e ela ia enrolando o mundo com seus desaforos, e o tempo passava e nada mudava; mas ela deixou de pagar as contas de luz por vários meses, e o gerente da empresa mandou dois funcionários cobrarem as contas, e em caso de não receberem cortarem o fornecimento.
Um dos funcionários da empresa de energia elétrica, era um homem de pouca ou nenhuma paciência, e ao falar com Dórica sobre as contas foi recebido com um rosário de desaforos, ele ignorou o palavreado da mulher e disse: chame seu marido, que eu não trato com mulheres, ai ela fez um escândalo e disse que Lusca não mandava nada, e queria ver se ele era homem para cortar a energia da casa dela.
Ele subiu na escada e começou a cortar os fios, ela subiu atrás e começou a puxar as pernas do homem e a gritar impropérios, ai ela se deu mal, o cidadão lhe deu um empurrão e ela desceu da escada mais rápido do que tinha subido, ele desceu e ela tentou bater nele e levou um tapa na cara que a jogou de costas no chão, ela gritou pelo marido ele veio e disse: chega de humilhação, e ali na rua cheia de curiosos ele lhe deu uma surra enorme.
O respeitável publico não acreditava no que estava vendo, o calmo e humilde Lusca espancando a insuportável Dórica, e depois da pancadaria ela foi arrastada aos berros para dentro de casa pelos cabelos, e ouviu do marido o seguinte: por amor eu fui humilhado durante anos, mas esse eletricista me ensinou que você precisa é de apanhar e de hoje em diante tudo vai mudar, você vai levar uma surra por dia e se for preciso levará duas ou mais,
Dórica aprendeu a lição e tornou-se uma esposa exemplar, Lusca levantou seu comercio, ganhou dinheiro e pagou todas as dividas feitas pela destrambelhada esposa, com a vida recuperada e a paraíba domada, Lusca recuperou o respeito da comunidade, e se tornou o melhor amigo daquele eletricista mal humorado e durão, que lhe ensinou que em mulher doce não se bate nem com uma flor, mas em paraíba se bate com a mão ou com um porrete se for preciso.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA