ELVIRA ESCUTA
ELVIRA ESCUTA
Nas pequenas cidades sul mineiras ainda se fazem serenatas românticas, indiferentes a lua poluída os seresteiros cantam antigas canções de amor, e jamais se esquecem de cantar a apreciada canção Elvira Escuta; ouço os seresteiros e me lembro de Elvira, a linda moça de pele clara, longos cabelos negros e de sua trágica historia de amor.
Ela amava o moço moreno e boiadeiro e por ele se julgava amada, mas o moreno queria mesmo era subir na vida e para isso precisava de dinheiro e não de amor; ele tocava o gado e cantarolava Elvira Escuta e ao mesmo tempo procurava agradar a moça fazendeira e rica, mas não tão bela, nem tão carinhosa e meiga como Elvira.
Nessa disputa como era de se esperar venceu a moça rica, o casamento do boiadeiro foi marcado e marcado também ficou o destino de Elvira, nela não se notou diferença alguma, cantava, ria e parecia feliz e despreocupada; na festa que se seguiu ao casamento da fazendeira com o boiadeiro ela era a mais linda convidada, cantou e dançou a noite inteira.
No dia seguinte Elvira visitou os parentes e amigos para se despedir, pois ia voltar a escola rural onde lecionava; todos acreditaram em sua alegria e tranqüilidade, mas terminada as despedidas ela voltou para sua casa onde tomou veneno e morreu, Elvira morreu de amor; os seresteiros de hoje nunca ouviram falar dela, mas nas noites enluaradas ainda cantam: Elvira Escuta.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA