SEU NOME É
SEU NOME É
Tité era um homenzinho de pequena estatura e grande circunferência, era tão gordo que parecia uma bola, andava com passinhos miúdos e bamboleantes e parecia que ia desabar a qualquer momento, mas ele era experto e não caia nunca; era amigo de todos os moradores daquela vila, e todos se alegravam quando o viam porque Tité era um pessoa extremamente bem humorada, e suas brincadeiras serviam de divertimento para os entediados moradores daquele lugarzinho parado no tempo.
Um dia ele fabricava uma pipa com a cara de alguém conhecido, e ao solta-la ao vento provocava boas risadas a todos; cada dia ele arranjava uma brincadeira nova, parecia que ele era um adulto com a alma de uma criança despreocupada e feliz; em cada primeiro de abril ele se superava nas brincadeiras com os dia das mentiras, mandava recados para o médico sobre emergências inexistentes, mandava avisar as beatas que não haveria missa na pequena igreja, porque o padre estava com sarampo e presenteava aos amigos com bolinhos de chuva recheados com algodão.
Ninguém se zangava com Tité porque ele mantinha a alegria morando naquele fim de mundo; de repente ele apareceu acompanhado de dois cachorros vira-latas feios e desengonçados, um era preto e o outro branco, e quando alguém perguntava: Tité como é o nome do cachorro branco? Ele respondia: pergunta pra ele, a pessoa desistia e perguntava o nome do cachorro preto, ele respondia: seu nome, ai os presentes caiam na risada ao entenderam que o cachorro branco se chamava Pergunta Pra Ele, e o preto tinha o nome de Seu Nome.
Depois de se divertirem bastante, as pessoas chamavam os cães e eles atendiam prontamente, apesar daqueles nomes mais do que estranhos que seu dono lhes dera; Tité viveu até aos noventa e oito anos, sempre de bom humor com ótima saúda e ótimos amigos, quando ele finalmente morreu, o povo do lugar lhe prestou vários tipos de homenagens, e ele fez por merecer todas, mas a alegria não se foi com ele, porque ele deixou encomendada a lapide de seu tumulo com os seguintes dizeres: Fui e não vou voltar, mas riam de tudo e de todos e até de si próprios, porque tristeza não paga dividas, sejam felizes como eu sempre fui, e riam, riam. riam.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA