A VOVÓ ECOLOGICA

Vovó Dindinha veio ao mundo para ser avó, era daquelas avós que posavam de enérgicas, franziam a testa, falavam alto e pareciam estar sempre a ponto de explodir, mas era só fachada pois ela adorava o alvoroço e gritaria dos netos, eles corriam pela casa gritavam e riam o tempo todo, mas não brigavam nunca uns com os outros, o que era uma benção porque eram dez netos, se começassem brigas seria a terceira guerra mundial.

A velha avó passava a semana preparando biscoitos, doces e bolos para esperar os pirralhos, eles chegavam no sábado, passavam o domingo e na hora de voltarem para suas casas, era aquele desespero, porque ninguém queria ir embora e Vovó Dindinha preparava pacotes de guloseimas para levarem, e por fim eles iam com a promessa dos pais, de que voltariam no próximo sábado com toda certeza.

Os netos foram crescendo e a bagunça aumentando, eram todos fortes e seus gritos, risos e correria, começaram a incomodar e muito os adultos da família, porque naquele vai e vem ininterrupto sempre quebravam alguma coisa, ou caiam, se esfolavam e armavam o maior berreiro; era preciso encontrar uma solução antes que alguém fosse parar em um hospício, e a avó pensou, pensou e resolveu o problema.

Vovó Dindinha mandou montar nos fundos da casa um parquinho, era coisa simples, apenas um escorregador e um balanço de quatro lugares, mas com isso o bando de netos passou a brincar só no quintal, e o sossego voltou a reinar dentro da casa, onde os adultos podiam assistir televisão ou jogar animadas partidas de baralho em paz, nos fundos havia outra atração, era um galpão sombreado por uma arvore.

Na tal arvore a vovó colocara uma garrafinha florida para atrair beija-flores, e eles estavam sempre lá se fartando com a água adoçada com mel, apreciados e admirados pelas crianças, atração a parte era o galpão, onde Vovó Dindinha passava o dia atendendo os pedidos dos netos, parecia uma lanchonete porque se um queria um sanduíche de presunto, outro pedia bolinhos de chuva e outro queria cachorro quente, e como eram dez os pedidos variavam e muito.

As filhas e noras diziam: faça uma coisa só para todos e pronto, mas ela nem ouvia e continuava a atender a todos com a maior boa vontade; mas havia as compensações, com as idéias divertidas daquelas alegres crianças, que procuravam elogiar tudo que ela preparava para eles, havia também os netos entendidos em preservação do meio ambiente, como um de cinco anos que disse: a senhora é uma vovó ecológica.

Perguntado porque, ele se explicou: a senhora plantou uma arvore e dá água com mel para os beija-flores; foi o elogio mais bonito que Vovó Dindinha recebeu em sua vida, e o sábio menino foi aplaudido pela família toda; agora a vovó ecológica está com oitenta anos e seus netos já são adultos, mas continuam a fazerem pedidos de petiscos quando se reúnem, e ela os atende com a mesma alegria e boa vontade,

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

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