MARIA MARCHA A RÉ
MARIA MARCHA A RÉ
O maior sonho de Maria era possuir um carro Chevrolet vermelho, nem precisava ser novo podia ser usado, mas mesmo para um modesto carro velho, as finanças dela eram incompatíveis; Maria era pobre, mas tão pobre que esse era um sonho irrealizável , mas ela continuava sonhando.
De suas tarefas de lavadeira, ela mal conseguia tirar o suficiente para o arroz e feijão de cada dia, as roupas que usava eram doações feitas por suas patroas, ela não podia nem pensar em adoecer, pois não teria dinheiro para médicos e remédios, e o pior era a solidão em que vivia pois seus pais morreram durante sua infância, não tinha irmãos e nenhum outro parente vivo.
Para completar as desventuras da coitada, ela era bem feia e desajeitada, por isso nunca conseguiu um namorado, afinal a vida de Maria era um completo desastre; mas ela continuava alimentando seu sonho impossível e de tanto sonhar com aquele Chevrolet vermelho, ela passou a misturar sonho e realidade, e o tal carro passou a existir de verdade.
Para ela o carro era tão real, que ela chegava a procurar oficinas mecânicas, para contratar concertos no imaginário veiculo; no principio do desvario de Maria as pessoas achavam graça, esticavam a conversa para que ela falasse sobre o carro, ai sua imaginação voava longe e ela elogiava o desempenho do amado Chevrolet, e como ele era econômico e rápido.
De repente a situação mudou para pior, porque ela passou a beber litros de cachaça e endoidou de vez, brigava com as pessoas que esbarrava em seu carro invisível, atirava pedras e dizia dúzias de palavrões; o povo daquele lugar agüentou a situação ao Maximo, e quando não deu mais pediram providencias as autoridades, que prometeram resolver o caso.
Prometer naquele fim de mundo era fácil, mas resolver era difícil porque lá não havia recursos para nada, e ficou tudo como estava e a pobre mulher só piorando, até que ela passou a andar de marcha a ré e isso resolveu a situação da pior maneira possível, na sua eterna marcha a ré ela atropelava as pessoas e brigava se reclamassem, até que o dia em que ela atropelou exatamente um Chevrolet vermelho e morreu, estava acabado o sonho, as bebedeiras e a loucura da infeliz: Maria Marcha a Ré.
Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}
Texto registrado no EDA