QUEM MUITO FALA DÁ BOM DIA AO CAVALO

QUEM MUITO FALA DÁ BOM DIA AO CAVALO

Ele era um bonito cidadão, alto, moreno, olhos negros e um bigode muito charmoso, sua cabeleira era ondulada e brilhante; ele era uma figura agradável de se ver, mas não de conviver porque seu divertimento preferido era se meter na vida dos outros, o que lhe causava transtornos e inimizades, pior que tudo era que apesar de sua boa aparência ele não conseguia namoradas, e o tempo passando e ele sempre só.

As moças do lugar não queriam saber dele, e a essa altura ele já estava com mais de cinqüenta anos, e a solidão o tornava cada vez mais critico e implicante; naquela pequena cidade havia um clube freqüentado pelas melhores famílias, e aos domingos á tarde os jovens se reuniam para animada hora dançante, e apesar de não ser jovem o nosso Zizinho estava em todas , ficava encostado em uma grande janela de onde via e ouvia tudo.

Dançar ele não dançava, mas como falava, de seu posto de observação ele vigiava os inocentes namoricos, e fazia comentários desagradáveis para quem estivesse perto; as vezes ele era alertado por seus parentes para deixar a vida dos outros em paz, ou ia se dar mal por causa daquela língua ferina, mas ele ignorava os bons conselhos que recebia e continuava a se meter onde não era chamado.

Certo domingo de setembro estava uma tarde linda, céu limpo e de um azul perfeito, ar puro e fresco e os jovens se divertiam na maior e mais natural alegria, digo que a alegria era natural porque no Clube Doze de Abril não havia bebidas alcoólicas, só se bebia Guaraná e Ponche de Frutas, mas Zizinho estava ali como sempre, para criticar e aborrecer a todos.

Perto do linguarudo encostado na mesma janela, estava o João Canarinho, um fulano com um nome de passarinho , e o humor de uma cobra cascavel e ai deu-se o desastre, porque o Zizinho ao ver uma velhota dançando no meio dos jovens, disse: olha que coisa mais ridícula, essa velha não se enxerga, está na hora de procurar uma sepultura, e vem exibir esse festival de pelancas assustando os jovens, será que ninguém vê isso?

Canarinho agarrou o língua de trapo pelo pescoço, e respondeu: eu vi isso e já falei para meu pai, segurar essa minha irmã oferecida em casa, mas ele não me ouve; mas eu vi também um fulano muito intrometido se metendo com a minha irmã, e sou obrigado a lhe dar um corretivo.

Foi um Deus nos acuda, Zizinho levou uma surra de criar bicho, e ninguém o socorreu, porque todos tinham queixa s dele e acharam que ele apanhou foi pouco, mas ele aprendeu a lição, deixar de falar demais ele não deixou, mas agora primeiro verifica quem está por perto, antes de meter o nariz onde não é chamado, porque pelancas da irmã dos outros podem causar muitos estragos.

Maria Aparecida Felicori{Vó Fia}

Vó Fia
Enviado por Vó Fia em 02/09/2008
Código do texto: T1157938
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