ASSIM FALOU O POETA

Tinha uma pedra no meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra

E agora José?

Esse verso do imortal Carlos Drumont de Andrade, me levou a outro José que também tinha uma pedra no meio do caminho, só que no caminho do meu José a pedra se chamava Antão, que era o marido da bela Quitéria por quem José se apaixonou, mas a morena não queria saber dele e nem de seu amor, pois estava feliz com o marido que tinha; mas José no seu distorcido modo de ver as coisas, acreditava que Quitéria se interessava por ele , mas o Antão atrapalhava.

Com o passar do tempo o mal de amor de José foi se agravando, ele passou a estudar um jeito de se livrar da pedra chamada Antão, mas precisava ser de uma maneira inteligente, porque para a cadeia ele não queria ir; era de uso naquela região os passeios a cidade de são Tomé das Letras, mas com muito cuidado porque as grutas e túneis eram em sua maioria inexplorados, e por isso mesmo perigosos.

Um grupo se reuniu para um daqueles passeios, José, Antão e Quitéria também foram e Antão se gabava de conhecer todos os caminhos, como ele se arriscava em locais pouco seguros a turma não o acompanhava, apenas José o seguia para todos os lados; em uma dessas aventuras os dois entraram em um túnel sombrio e estreito levando uma lanterna, as horas passavam e eles não voltavam e quanto mais o tempo passava, mais aflitos os amigos ficavam.

Quitéria chorava preocupada com o marido, no fim do dia José saiu do túnel, estava com as roupas rasgadas e sujas e apavorado contou que uma rocha cedera e sepultara Antão, que ele fizera de tudo para socorrer o amigo, mas fora em vão; desconfiados da historia de José chamaram a policia, buscas foram feitas durante dias seguidos, mas nada foi encontrado e por fim o assunto foi encerrado e a morte de Antão foi considerada acidente.

Se foi se foi ou não acidente, só as pedras de São Tomé podem saber, mas como pedras não falam o caso foi abandonado e com o passar do tempo foi esquecido; Quitéria terminado o luto casou-se novamente, mas não com o José e sim com um italiano velho e rico que ao morrer alguns meses depois, deixou-a rica e bem posta na vida; e o José? Desprezado por sua amada e olhado com desconfiança por todos, sumiu no mundo fugindo do remorso e sempre com medo da policia.

E AGORA, JOSÉ?

Maria Aparecida Felicori [Vó Fia}

Texto registrado no EDA