O pombo e o Canário
Vivia no alto de uma árvore uma pequena lagarta, feia e desengonçada. Todos os dias pela manhã, vinha até a lagarta um lindo canário, que se dizia encantado pela estonteante beleza da lagarta. De longe um pombo observava o fato e ria debochando do pobre canário que estava encantado com a coisa mais feia que já vira.
- Não tem mais nada para fazer, a não ser observar esse bicho horripilante, dizia o pombo que se achava encantador.
- A beleza nem sempre é tudo na vida, o que vale é o que está por dentro do ser, respondia o canário.
- Pois acho que nada que venha desse bicho possa ser belo, dizia o pombo.
Humilde o canário respondia:
- Pois bem, espere e verás!
Vários dias se passaram e a cena se repetia todas as manhãs. O canário incansavelmente observava a lagarta, e aparecia na árvore todos os dias. Já o pombo sempre com seu ar superior observava tudo e ria.
Porém certa manhã o canário foi visitar a lagarta e ao chegar deu e cara com o pombo, mais arrogante do que nunca. Ninguém podia imaginar que naquela manhã tudo mudaria. Enquanto se sucedia a mesma discussão, desabrochava a lagarta e dela surgia uma bela borboleta, talvez a mais bela que o pombo já havia visto.
Estarrecidos o pombo e o canário olhavam deslumbrados para a bela borboleta, que voava entre os galhos da árvore, observavam sua beleza enquanto a viam desaparecer no azul do céu.
Depois que a borboleta partiu, havia algo a esclarecer:
- E agora, ainda acha que nada de belo pode surgir do que um dia é horripilante? Dizia o canário.
O pombo envergonhado bateu as asas e foi para longe.
De uma coisa o pombo jamais vai esquecer: “Quem ama o feio bonito lhe parece, e quem sabe algum dia até pode vir a ser”.
Porque com o tempo tudo passa, tudo muda.