Um Mundo Estranho

O grito ficou preso em sua garganta enquanto o homem se aproximava.Tentou fugir, mas não conseguia se mover estava paralisada. O estranho vestia uma túnica preta e tinha várias cicatrizes no rosto o que o deixava com uma aparência asquerosa. Puxou-a pelo braço arrastando-a pelas escadas até a rua. Viu sua irmã no jardim colhendo flores e tentou chamar sua atenção, porém, não conseguiu emitir nenhum som e logo se viu diante de uma carruagem puxada por dois cavalos. Foi empurrada para dentro, em seguida lhe vendou os olhos e a fez cheirar um lenço úmido com um cheiro forte e tudo escureceu.

Quando abriu os olhos estava deitada sobre uma esteira

e havia algumas tochas acesas penduradas na parede. De-

repente começou a lembrar o que tinha acontecido, se e foi até a porta tentando abri-la, mas estava trancada.

Olhou à sua volta e viu uma pequena abertura do outro lado

de onde estava e aproximou-se devagar, parecia ser uma ja-

nela ,porém não conseguiu ver nada por entre as grades de fer-

ro, estava tudo escuro e foi então que percebeu que estava

em uma caverna. Ouviu a porta se abrindo e uma mulher

com um véu negro se aproximou com uma bandeja cheia

de frutas,pão e uma xícara de chá. Não podia ver seu rosto, mesmo assim perguntou:

-Olá, onde estou?O que querem de mim? -Mas ela não res-

pondeu e saiu rapidamente trancando a porta. Estava com

fome e resolveu comer uma maçã e bebeu o chá que achou amargo .

A porta novamente se abriu e o estranho que a rap-

tara apareceu, furiosa aproximou-se dele:

-Onde estou, porque me trouxe para cá? Quem é você?

-Você está onde nunca deveria ter saído Maria.

-Maria?Eu não sou Maria,você pegou a pessoa errada.Eu me

chamo Laura e quero voltar para casa.

-Você está em casa e seu nome é Maria.Aqui é o seu lugar,

você precisa governar seu povo e eu vou ajudá-la.

-Do que está falando?Que povo?Olha você está me deixando

nervosa.Eu sei que se enganou e....

-Pare com isso! -gritou ele lhe segurando pelos ombros - eu

nunca me engano.Você fugiu daqui,mas a encontrei e vai ter

que cumprir sua palavra, hoje vamos nos casar e governare-

mos o povo de Rahion como deve ser .-largou-a afastando-se

para a porta.Laura estava com medo,ele parecia louco e esta-

va querendo que se cassassem?Jamais casaria com ele. Ia fu-

gir assim que pudesse,mas precisava sair dali.Ele continuava

parado na porta e voltou-se a encarando com uma expressão

séria e ao mesmo tempo carinhosa.

-Temos um acordo, daqui à uma hora virei buscá-la. Vista o

vestido que está naquela cadeira. Esqueça seu outro mundo,

você sempre pertenceu ao povo daqui e aguardam sua volta.

E então saiu fechando a porta, deixando-a completamente

sem saber o que estava acontecendo. Que povo seria aque-

lê?Por que achavam que ela era sua rainha? Só tinha um jei-

to de descobrir e para isso teria que sair dali e assim achar

um jeito de fugir. O vestido lhe caiu impecável, parecia ter

sido feito especialmente para ela. Enquanto aguardava ten-

tou imaginar um plano de fuga. Depois de um longo tempo

a porta se abriu e ele entrou vestindo uma túnica branca.

Sentiu medo, mas o acompanhou pelo longo corredor frio,

iluminado com muitas tochas. Observava tudo ao seu re-

dor, percebeu que seria difícil fugir dali. Aos poucos

se aproximaram de uma área mais iluminada, ouviu risos,

vozes e uma música estranha. Subiram uma longa escada

coberta por um tapete vermelho e então se deparou algo

que a deixou sem ação, era incrível o que estava diante de si mi-

lhares de anões que ficaram em silêncio ao toque de um

tambor.Aquilo não podia ser real, mas estavam ali e a olhavam com curiosidade e tudo que esperava era que notassem o grande engano daquele homem que

mais parecia um gigante diante daqueles seres pequenos.

Mas então os tambores começaram a tocar e eles se apro-

Ximaram sorridentes saudando sua rainha.Ela tentou fa-

Lar,mas a música estava alta e todos queriam pegar e beijar

Sua mão. Olhou em volta desesperada e viu o estranho

Sentado numa enorme cadeira e sorrindo satisfeito.Ficou

Desesperada e começou a gritar tentando fazer com que a

Ouvissem,mas eles não paravam de dançar à sua volta fé-

Lizes.Fechou os olhos e tapou os ouvidos e gritou com todas suas forças e então sentiu alguém

lhe sacudindo os ombros com violência. O que queriam com ela?pediu chorando para que

parassem com aquilo e de repente tudo silenciou e ouviu apenas uma

voz a chamando pelo nome,pelo seu verdadeiro nome. Abriu os olhos

e viu o rosto de sua irmã preocupada.Olhou em volta, já tinha amanhecido e estava em seu quarto.Sentiu-se aliviada por ter acordado daquele pesadelo.Ao longe a carruagem seguiu seu caminho de volta...