Believe me, Natalie
Já brinquei de boneca e fiz pedido a estrelas cadentes; hoje me visto como uma boneca: tão maquiada, tão perfeita e às vezes tão vazia quanto uma. Os pedidos ainda faço. Finjo ter esperança... todos dizem que a esperança é a última que morre. Se ela morrer dentro de mim, o que irá sobrar? Tenho medo de descobrir.
Já tive muitos amigos. De infância, da noite, de dividir coisas em comum, de sonhar... e já vi grandes amizades ruirem sem deixar nem uma boa recordação. Me pergunto até hoje o quão grandes elas eram.
Já amei de verdade. Amor cheio de entrega, de suspiros e de tirar o chão quando tudo chega ao final. Já perdi a noção do tempo, jurei amor eterno, traí e com certeza fui traida.
Numa noite, cheguei a jurar que nunca mais amaria, para na noite seguinte cruzar meu olhar com o de outra pessoa e me sentir bem novamente.
Já tive homens e mulheres. Já me envolvi demais e não fui correspondida. Já tive noites por prazer, por dinheiro ou por pura falta do que fazer... e até hoje não vi diferença. Todas as noites são sempre iguais.
Roubei, derrubei meus inimigos, fui derrubada por alguns deles. Já vendi drogas, já as usei (e senti a dor da abstinência. Se fechar os olhos, posso senti-la novamente, não importa quantos anos passaram), já vi a morte de perto...
Já estive em casa e me senti perdida, já estive sentada em becos e me senti em casa. Passei pelo inferno e pelo céu, mas muito mais pelo inferno devo admitir.
Mas, por Deus, como eu vivi...
Por mais que hoje eu esteja cansada e doente, ainda tenho o hábito de procurar em cada esquina tudo aquilo que vivi. E se pudesse, voltaria atrás, para fazer tudo de novo. Toda a alegria e toda dor, não importa o quão passageiro tudo tenha sido. Ainda quero pistas lotadas, sorrisos,luzes... ainda quero mais.Quero que toquem minha música, que dancem e se sintam vivos
...nem que seja por apenas uma noite.
Meu nome? Natalie.
E o prazer...é todo nosso.
[Inspirado na música "Believe me, Natalie" do The Killers]