"A apresentação"
(conto n.4)
Ansioso, ele foi abrir a porta antes mesmo que a campainha acabasse de soar. Passara a tarde toda preparando-se para aquele momento e um frisson estava no ar muito além de seu controle. Expectativa. Quanto esperara? E ele finalmente chegara.
Não era à toa que se sentia assim feito um adolescente que ia receber o passaporte para uma alegria desejada, a alegria de quem começava a ultrapassar sua barreiras.
Ela entrou. Majestosa feito uma rainha. Beijou-a com efusividade, num longo abraço de saudade verdadeira. Não mudara nada, ele notou. Continuava bonita com seus traços fortes, como forte era sua personalidade. Uma mulher decidida e confiante.
-Como está elegante!
-Sua casa é muito agradável! Aconchegante, intimista. Seu gosto melhorou muito, ela falou, disfarçando a emoção.
-Obrigada. mas não é só minha. Eu agora sou casado, sabe disso, não é? Não quero lhe esconder isso e mais nada!
Ela piscou os olhos num gesto muito seu, que ele adorava - e que nunca havia esquecido.
-Eu nem acredito! Não me contou nada - ela o recriminou.
-Tentei contar-lhe várias vezes, mas estou fazendo isso agora. Vocês são as duas pessoas especiais de minha vida. E amo vocês.
-Não quero ser a segunda pessoa...
-Você não é. Cada amor que sinto é diferente, mas é imenso.
-Quero conhecer essa outra pessoa, ela disse amuada.
Ele pediu que ela se sentasse e foi preparar seu drink favorito, enquanto ela notava a mesa impecável posta para tres pessoas. A música de fundo tocava suavemente, a luz era difusa, o ar estava elegantemente perfumado.
Quando ele estendeu a bebida, ela teve vontade de abraçá-lo com mais carinho. Viu que ele estava mais charmoso, que se tornara um homem ainda mais especial e desejou nunca perdê-lo.
Ele, adivinhando que ela o avaliava, sorriu com seu encanto forte e uma cumplicidade amorosa imediatamente nasceu-lhes no olhar e ficou ali, pairando entre eles...
De repente, a porta se abriu com suavidade e alguém entrou com determinação. Ele se dirigiu até a entrada e pegou aquela mão com imenso afeto. Depois, caminhando até ela, disse com simplicidade e emoção:
-Mãe, esse é o Júnior. Júnior, essa é minha mãe.
Silvia Regina Costa Lima
6 de agosto de 2008