Primeira Vez
Primeira Vez
- Você tem certeza que quer passar por isso?
Ela pensou um pouco e disse:
- Olha...nunca, bem...nunca vivi isso antes.
- Eu também não – replicou ele – e não faço idéia de como seja.
- Mas eu quero experimentar.
- Pois é. Somos dois. Mas a gente pode se atrapalhar.
- Eu sou corajosa.
- Mas a verdadeira coragem consiste em conhecer o medo, antes de enfrentá-lo.
- E?
- E...que nunca passamos por isso antes.
Silêncio.
- Dane-se – ela exclama – então sou inconseqüente.
- Me too.
- Acho que isso basta! – agora ela esfrega as mãos – desde que sejamos uma dupla.
- E cúmplices – atalhou ele.
- ?
- Nem todas as duplas são cúmplices
Ela anuiu, mas suas sobrancelhas arquearam a indagação.
- Significa – prosseguiu ele – que se, eventualmente, jogarmos uma pedra numa janela, depois não vale dizer: ei, quem atirou a pedra foi você, eu apenas carreguei as pedras.
- Faz sentido – ela pensou por um momento e indagou – e terão muitas janelas?
- O suficiente para que a gente duvide da cumplicidade.
- Ahá!– ela agora estava entusiasmada - Então essa é a meta!
- ?
- Permanecermos firmes – os olhos dela brilhavam.
- Exato
- E juntos!
Ele concordou, com olhos também brilhantes.
- Aconteça o que acontecer – exulta ela - Mas, e...se houver um momento em que, sei lá, por qualquer motivo, a situação ficar horrível?
- Por exemplo?
- Ora – fez ela com a mão - um dos dois ficar doente, perder o emprego, um ente querido, ou perder a fé, quem sabe, essas coisas.
- Pois é – ele balançou a cabeça – Caso isso aconteça, a tendência inicial será piorar. Mas como estaremos juntos, então estaremos nesse tal horrível juntos, e teremos de sair dele juntos.
Silêncio.
- Nunca passei por isso – suspirou ela.
- Nem eu.