Léa e o Espelho.
Lea olhou-se no grande espelho. Há tempos não se via assim por completo. A imagem refletida mostrava-lhe todas as curvas, ondas, rugas, brilhos, traços harmoniosos e sombras.
Lea, de corpo inteiro, aproxima-se do espelho e seus olhos estudam a si mesma.A princípio não gosta de tudo que vê: “ como mudei!" Pensa com certa insatisfação, ao mesmo tempo em que indaga o motivo pelo qual só naquele momento se via como era. Onde escondeu aquela imagem que agora encara frente a frente? Lembra-se, então, dos olhares por onde se escondeu. Recorda que até ontem ela se via através de outros olhos.
Sempre houve uma Lea vista por outra pessoa. Existira sempre um par de olhos aprovando ou desaprovando sua aparência e ela ia se moldando ao que o outro avaliava.
Lea não se via, pois mesmo quando se encontrava sozinha, entre uma análise externa e outra, ela se escondia na memória alheia. Postura contraditória para quem adorava espelhos e sorria para seus melhores ângulos.
Lea agora está só de fato, apartada dos olhares que amou e que a faziam se sentir bem ou mal de acordo com o que viam. O espelho é a sua verdade.
Sente falta do conforto, da aprovação e do prazer da companhia que alimentava a visão de si mesma. Sente saudade do quão iluminada se sentia em pleno ato de amor.
Porém, nunca se sentira tão íntegra. Tão dona de si mesma mirando-se solitariamente. Um laivo do coração ainda doído sombreava seu olhar. Sentiu uma pontinha de dor e desamparo. Não gostava de se sentir solitária, mas era preciso e ela faria tudo para recuperar sua auto-imagem e a se amar mais.
Iria acostumar-se a se ver assim. Sorriu e gostou do que viu. Vislumbrou um brilho furtivo nos olhos escuros. Apagou a luz e saiu. Estaria inteira até (re)encontrar um outro olhar.
Evelyne Furtado, 06 de agosto de 2008
Lea olhou-se no grande espelho. Há tempos não se via assim por completo. A imagem refletida mostrava-lhe todas as curvas, ondas, rugas, brilhos, traços harmoniosos e sombras.
Lea, de corpo inteiro, aproxima-se do espelho e seus olhos estudam a si mesma.A princípio não gosta de tudo que vê: “ como mudei!" Pensa com certa insatisfação, ao mesmo tempo em que indaga o motivo pelo qual só naquele momento se via como era. Onde escondeu aquela imagem que agora encara frente a frente? Lembra-se, então, dos olhares por onde se escondeu. Recorda que até ontem ela se via através de outros olhos.
Sempre houve uma Lea vista por outra pessoa. Existira sempre um par de olhos aprovando ou desaprovando sua aparência e ela ia se moldando ao que o outro avaliava.
Lea não se via, pois mesmo quando se encontrava sozinha, entre uma análise externa e outra, ela se escondia na memória alheia. Postura contraditória para quem adorava espelhos e sorria para seus melhores ângulos.
Lea agora está só de fato, apartada dos olhares que amou e que a faziam se sentir bem ou mal de acordo com o que viam. O espelho é a sua verdade.
Sente falta do conforto, da aprovação e do prazer da companhia que alimentava a visão de si mesma. Sente saudade do quão iluminada se sentia em pleno ato de amor.
Porém, nunca se sentira tão íntegra. Tão dona de si mesma mirando-se solitariamente. Um laivo do coração ainda doído sombreava seu olhar. Sentiu uma pontinha de dor e desamparo. Não gostava de se sentir solitária, mas era preciso e ela faria tudo para recuperar sua auto-imagem e a se amar mais.
Iria acostumar-se a se ver assim. Sorriu e gostou do que viu. Vislumbrou um brilho furtivo nos olhos escuros. Apagou a luz e saiu. Estaria inteira até (re)encontrar um outro olhar.
Evelyne Furtado, 06 de agosto de 2008