Fábula da Convivência

Quando li isso ontem, durante minha aula de literatura, senti uma necessidade enorme de transmitir esse texto àqueles que ainda não o conhecem. Divulgá-lo mesmo, devido ao seu teor reflexivo e tão atual.

Confesso que não sei a quem pertence. Tamanha foi a minha pressa de publicar aqui, que não me dispus a pesquisar sobre. Mas o faço na melhor das intenções e espero que tenha um significado marcante e provoque alguma mudança em cada leitor que puder ler essa fábula.

Paolo Gracco.

Durante uma era glacial muito remota, quando parte do globo terrestre estava coberta por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.

Foi então, que uma grande vara de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais.

Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro e, juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte.

Afastaram-se feridos, magoados, sofridos.

Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes.

Doíam muito... Mas, essa não foi a melhor solução.

Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.

Os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precaução, de tal forma que, unidos, cada qual conservou uma distância do outro, mínima mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos.

Assim suportaram-se, resistindo à longa era glacial.

Sobreviveram...

É fácil trocar palavras, difícil é interpretar os silêncios.

É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar.

É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração.

É fácil apertar as mãos, difícil é reter o seu calor.

É fácil sentir o amor, difícil é conter a sua torrente.

Autor desconhecido (até o momento)

Paolo Gracco
Enviado por Paolo Gracco em 03/08/2008
Reeditado em 29/03/2013
Código do texto: T1110879
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