Sete Noites

Final

Não sinto que minhas atitudes eram anormais, pois elas saiam livremente dos meus pensamentos e se dirigiam também livremente pelas calçadas, meios-fios e até por corredores mais ou menos claros deste planeta, onde me ocupava temporariamente com as obras do acaso. E embora todos me observassem de uma maneira esquisita, um tanto quanto desdenhosa, confesso que não lhes dava a mínima atenção em relação a estes olhares. Desprezava-os.

Buscava a razão da existência, pois sabia que ela existia e estava ali, talvez para não ser descoberta, mas estava ali, então a procurava por toda parte e em todas as circunstâncias possíveis e impossíveis. E, a cada nova descoberta, um novo mistério, uma nova sensação de derrota. Mais e mais e mais novas descobertas velhas. Mais e mais e mais derrotas. Não sinto que minhas descobertas eram descobertas novas, e é por isso mesmo que as classifico todas como velhas. Acredito que muitos outros avançaram muito mais que estes simples passos rumo ao desconhecido. Desconhecido!?

Uma imensa cratera se colocava em minha frente, me tirando qualquer possibilidade de chegar ao destino certo, ou errado. Procurava margeá-la, tentando me desviar deste terrível obstáculo, mas o que encontrava eram novas crateras e novas crateras. Havia um universo repleto de crateras no meio do meu caminho. Havia infinitas crateras finitas em meio a alguns jardins não tão floridos.

O sofrimento solitário, este fantasma que é companheiro dos solitários, me acompanhava sem que ninguém se apercebesse, pois não lhes dava esta chance, sobretudo, sabedor que era que jamais me compreenderiam. Satisfazia aos prazeres dos humanos que me acompanhavam, limitando-me a segui-los nas suas investidas terrenas. Imaginavam, pois, que eu estava focado nas suas atitudes. Não, não me importava com qualquer ato mundano e, apenas participava por participar, sufocava-me por sufocar. O sofrimento solitário, este sim é o companheiro de todas as horas, que conhecia toda a minha verdade, mas também respeitava a minha condição de humano e me deixava um tempo livre para participar das esquisitices da vida aqui embaixo (?).

Onde estaria o final ou mesmo o início de toda essa busca? Existe ou não existe o que buscar?

Sentia as células do corpo morrerem a cada segundo, sem que eu conseguisse reverter este processo fúnebre e aparentemente unilateral (despótico).

Sei que a morte é o único estágio conhecido, sem que saibamos na realidade qualquer fundamento a seu respeito. A morte, Deus, a evolução...

Onde estaria o final ou mesmo o início de toda essa busca? Existe ou não existe o que buscar?

Reino do animal racional; reino do animal irracional; reino vegetal e reino mineral. Planetas, satélites, estrelas, sistemas solares, galáxias, buracos negros, supernova, anãs, enfim, todo um universo descoberto e não conhecido. É um absurdo descobrirmos tantos detalhes a respeito deste universo infinito e não sabermos absolutamente nada a respeito de nós mesmos. A morte, Deus, a evolução...

Meu cérebro vasculhava terrenos movediços, que nos tratavam como se fossemos perfeitos imbecis, mergulhados e atolados neste jogo e, não nos davam a mínima chance de vencermos, nem tampouco de vivermos.

“Somos levados a crer” que não há jogo, apenas etapas de evolução. A morte, Deus, a evolução...

Onde estaria o final ou mesmo o início de toda essa busca? Existe ou não existe o que buscar?

Para cada pergunta há uma resposta. A seguir, outra pergunta e mais uma resposta e outra pergunta e outra resposta e outra pergunta e outra resposta e outra pergunta e outra resposta e outra pergunta e outra resposta e outra pergunta e outra resposta e outra pergunta e outra resposta e outra pergunta e outra resposta e outra pergunta e outra resposta e outra pergunta e outra resposta... Até quando?

A paralisação de todo o meu sistema fisiológico era acompanhada de uma paralisação racional e também intuitiva. O processo era extremamente acelerado e ao mesmo tempo transcorria numa lentidão sem limite. O foco ocular não extraía absolutamente nada do que via. A sensibilidade auditiva escutava apenas o silêncio do nada. A resposta sem pergunta e sem resposta e sem pergunta e sem resposta e sem pergunta e sem resposta... Até quando?

Atingi o mais profundo de todos os poços que imaginaria atingir. Nem mais me sentia no direito de viver, pois não existia para viver e isso me dava o direito de não mais querer viver, pois não tinha o direito de viver e não me via com outra opção. Enfim, não havia mais motivos nem substâncias para manter este meu corpo vivo. Porém, não tinha a mínima vontade de morrer, então, continuava vivo, todavia, morto aos conceitos humanos tradicionais.

Bastaria, então, de pensamentos tidos como anormais. Bastaria, então, de viagens tidas como delirantes. Bastaria, então, do uso de elementos químicos indutores de outras viagens um tanto quanto paradisíacas. Basta!

Coordenei, organizei e me certifiquei de colocar todos os meus pensamentos num traçado onde as minhas condutas terrenas se fizessem terrenas. Evidente e exclusivamente terrenas.

A princípio me senti como um viciado em drogas sem droga. Um peixe fora d’água. Gastei meu tempo comendo todo alimento desnutritivo que aparecesse em minha frente. Mastiguei o pão que o diabo amassou. Amassei o diabo que o pão mastigou. Sei lá.

Ontem, apenas estava vivo...

1ª noite

Meu quarto não é diferente de outros quartos. Entra-se pela porta e, pela janela o sol não penetra, pois o projeto arquitetônico não se preocupou com a luminosidade solar. As paredes são paredes e o teto é o teto.

A cama é tão igual a outras camas e estava tão igual a outras noites, que não me preocupei em arrumá-la. A lâmpada se apagou sem que ninguém tivesse acionado o interruptor, e pior, ela não estava queimada. Era algum defeito elétrico ou coisa parecida. Não me atrevi a chamar um eletricista naquela hora da madrugada – incômodo e impacto financeiro.

Meus olhos estavam se fechando e toda a areia de Trancoso resolveu se transferir para estes meus captadores do nada; a boca bocejava sem parar e também não tinha comando algum sobre este fenômeno: sei, era sono.

Não sabia ao certo se ainda estava acordado, creio que não, pois não me lembro de não ter dormido. A sensação se passava como num sonho. Só podia ser sonho. Estava num sonho. Quê sonho!

Aquele ser nebuloso nos seus aspectos iniciais, que inspira a tantos poetas a margear o inexplicável, mudava de cena, a cada cena, e mais ainda, não saía do meu quarto. Era irredutível e fazia parte de algum roteiro. Roteiro?

A imagem não estava muito nítida e o espectro se dirigiu até a minha cama, pronunciou algumas palavras ininteligíveis e sentou-se. Não reconheci a sua face, mesmo por que tenho que confessar, talvez até sinta um certo medo quando me deparo com tal situação. Era esse espectro tão irreconhecível assim?

Não sabia o por que estava com aquele medo inicial. Talvez por que não estivesse tão preparado como sempre imaginei estar.

Os gestos do espectro eram característicos de quem explicaria algo a alguém. Não via a sua face, pois se sentou de costas pra mim. É certo que uma paz presente se fez presente, e, sei que estava junto de alguém muito especial no reino universal. Esforçava-me para entendê-lo e suas palavras continuaram ininteligíveis. Esforçava-me também para compreender as minhas próprias perguntas. Não que eu não as compreendia, entretanto, também estava ininteligível e não distinguia uma só palavra que pronunciava. E não me refiro a outro idioma. Suponho ter participado de órbitas paralelas.

Logo após, mais que nos primeiros momentos e movimentos, senti que o diálogo era alguma resposta para tantas perguntas que ficaram vazias num passado não tão remoto. Queria compreender as palavras e os gestos daquele esforçado e magnífico ser, mas não conseguia, pois estava completamente entorpecido e não conseguia captar mensagem alguma.

É estranho saber que escrevia isso que se passou naquele exato momento, e, é surpreendente que não conseguia me libertar daquele estado hipnótico de não entendimento.

Os gestos e as palavras do espectro não eram mais tão veementes, embora continuasse calmo e pausado. Ainda assim continuava a não compreendê-lo.

Meus olhos se fecharam e sinto que toda aquela areia de Trancoso resolveu se transferir para outros captadores do nada.

Sei, foi sono. Sonho?

2ª noite

Percebo que meu quarto é diferente de outros quartos. Entra-se pela porta, mas também percebo que existem outras portas, não as de madeira, nem as de alumínio ou ferro, mas portas invisíveis, e nem mesmo eu consigo vê-las. Percebo também que pela janela o sol não penetra, pois o projeto arquitetônico não se preocupou com a luminosidade solar, mas também se esqueceram de avisar aos arquitetos que outra luz mais radiante e com características invasoras se instalou por aqui. As paredes são paredes, embora exista também um portal invisível. E o teto ainda é o teto.

A cama não é mais tão igual a outras camas e estava tão igual a outras noites, embora diferente, que não me preocupei em arrumá-la. A lâmpada não se apagou, pois não estava queimada e ninguém acionou o interruptor.

Meus olhos estavam se fechando e não mais sentia aquela areia de Trancoso se transferir para estes captadores do nada.

Sei, era sono.

Sabia ao certo que não estava acordado, aliás, creio que não estava, pois me lembro de ter dormido. A sensação se passava como na realidade. Só podia ser realidade. Estava num sonho real – Daniel no país das maravilhas.

A densidade do espectro aumentou e suas características físicas se assemelhavam às nossas. O contorno de seu corpo era mais preciso e podia apreciá-lo com mais realidade, aliás, ele é real, num sonho real.

Embora certo que o idioma utilizado por ele fosse o português, ainda assim não conseguia compreendê-lo. As palavras soavam magia, levavam-me a um estado de entorpecimento. Eram sílabas pronunciadas com precisão e controle. O ritmo ainda era o mesmo da primeira noite e o assunto também era o mesmo, e ainda assim, eu continuava na mesma, ou seja, nada compreendia, apenas assistia e me entusiasmava com tudo aquilo. Nem era mais aquele medo inicial. Não havia medo.

Sou… e estava naquele sonho...

3ª noite

Meu quarto é diferente de outros quartos. Também se entra pela porta, mas existem outras portas, não as de madeira, nem as de alumínio ou ferro, mas portas invisíveis, e agora eu as vejo, pois estão em todo o quarto. O sol penetra pela janela, e embora saiba que são duas horas da madrugada, lá está o espectro, novamente, soberano, mago e influente de solares. Os arquitetos terrenos não compreenderam mesmo esta edificação, pois outra luz mais radiante e com características invasoras se instalou por aqui. As paredes são paredes transparentes. E o teto ainda é o teto, embora agora aberto para o universo.

A cama é outra cama e estava tão igual a outras noites, embora diferente, que novamente não me preocupei em arrumá-la, e confesso, estava pronta para receber até o corpo perfumado e meigo de uma princesa de um país de outras maravilhas. A lâmpada se apagou e acendeu novamente. Não estava queimada. Alguém acionou o interruptor?

Meus olhos se fecharam antes mesmo de estarem abertos. Não havia mais areia de Trancoso ou de qualquer outra praia. Sei, estava sonho.

O espectro parou em frente a mim. Seu corpo era magnífico e embora sua face estivesse coberta por aquela nebulosidade, sentia a sua beleza universal transpassar pelo meu corpo. A energia era tão forte que não me atrevia a suspeitar de absolutamente nada acerca de sua procedência.

O idioma utilizado por ele era o português e ainda assim não conseguia compreendê-lo. Era sobre a vida. Eu sei que ele falava sobre a vida. A resposta estava nos seus lábios que não escondiam nem simulavam qualquer tentativa de enganação. A minha ignorância, ingenuidade, irresponsabilidade, imaturidade jogavam contra mim. Sou um ouvinte que ouve, entende, assimila, mas não sou capaz de memorizar nada.

Sou. E estava naquele sonho...

4ª noite

Todas as portas e janelas estão fechadas: nem brilho, nem luz, apenas uma música que fala da morte. Morte que não quer morrer. Vida que não quer mais viver e chora por continuar vivo e nunca mais poder morrer. É lindíssima, e, Freddy Mercury a interpreta magnífica e majestosamente. Recuso ouvi-la apenas uma vez. Aciono o botão que repete a música selecionada ininterruptamente. É tão simples não morrer...

Meus olhos fechados, e, abertos para viagens dentro do meu próprio corpo, anunciavam a chegada daquele que tanto esperei durante todo o dia. Nesta quarta noite, o seu formato misturava a realidade dos sonhos com espectros de outras dimensões.

A densidade de seu magnífico espectro era maior e sugeri a meus pensamentos tocá-lo, mesmo que para isso necessitasse desrespeitar qualquer regra universal. Meus pensamentos eram mais racionais que meus pensamentos anteriores, e não o toquei, apenas o ouvi.

Procurava não me distrair com futilidade alguma e me concentrava nas suas palavras, que se incorporavam toda ao brilho do quarto.

Eu sei que ele falava sobre a vida, esta ou aquela vida, mas falava sobre vida. A pergunta estava no meu semblante interrogativo, que não escondia nem simulava qualquer tentativa de enganação. A sua paciência, calma, sensatez, maturidade jogavam a seu favor.

Sou um ouvinte que pensa que ouve; pensa que não entende; pensa que não assimila, entretanto, não sou capaz de memorizar absolutamente nada.

Sou… e estava naquele sonho...

5ª noite

As portas e janelas se abriram. Brilho, luz e uma vida que fala da vida e da morte. Morte que é a vida. Vida que é a morte. É tão simples viver. É tão simples morrer...

Meus olhos abertos para visualizar o corpo que falava da vida e falava da morte. Nesta noite, o espectro estava tão brilhante que me ofuscava a visão e não sabia se o via, realmente, ou se o brilho era todo o ambiente.

Procurava as suas palavras, pois eram os únicos motivos daquele sonho. Ele falava sobre esta ou aquela vida, mas falava sobre vida, e também falava sobre esta ou aquela morte, mas falava sobre morte. As minhas perguntas se respondiam nos seus esclarecimentos. A sua paciência e a minha ansiedade; a sua calma e a minha intranqüilidade; a sua sensatez e a minha imprudência; a sua maturidade e a minha infantilidade dançavam a dança das controvérsias, no entanto, plenamente aliados e parceiros de pensamentos únicos.

Sou um pensador que ouve; pensa que apenas pensa; pensa que apenas assimila, entretanto, é capaz de memorizar absolutamente nada.

Sou… e estava naquele sonho...

6ª noite

O espectro estava aqui junto a mim. Posicionava-se no mesmo lugar de sempre. É um ente querido, e, sabe disso.

Nesta noite, diferentemente de todos os outros dias, ele apenas estava presente. Nem uma palavra se incorporava à nebulosidade brilhante do quarto. Estava um silêncio sapiente e dirigido para novos conhecimentos.

Todo o aspecto ambiental não assumiu nem padrões antigos, tampouco se mostrou novo. Aliás, não existia ambiente. O espectro ocupava todo o nosso espaço e continuava em silêncio.

Sou… e estava naquele sonho...

7ª noite

Meu quarto não é diferente de outros quartos. Agora, percebo que meu quarto é diferente de outros quartos. Meu quarto é diferente de outros quartos. Não. Nunca estive nesse sonho. Sim. Já estive nesse sonho.

O cenário era o mesmo das outras noites, embora com algumas alterações. Apesar de pensar que não estava naquele sonho, era nele que me encontrava. O espectro ainda não havia aparecido e o único fantasma que ocupava o quarto era o meu. Rangia os dentes, não porque estava com pavor, mas devido à ansiedade.

A música que fala de nunca morrer se esqueceu desse momento e provavelmente vive em outros ouvidos mais preocupados que os meus.

A cama estava arrumada, ou melhor, não foi desarrumada. O lençol estava tão branco que se imaginava uma nuvem, como um chumaço de algodão. Parece poético, mas não, é fato.

Estava tão ansioso que sem perceber esqueci de abrir os meus olhos, que já estavam abertos. Não havia mais perguntas, e conseqüentemente, não havia mais respostas, apenas contatos.

Senti que todo o sangue do meu corpo se transportou para o abdômen. Algo estava por acontecer nessa dimensão desse meu espaço, que sofria algumas transformações. Foram seis dias maravilhosos, onde não observei mancha em quaisquer atitudes. Minhas mãos transpiravam com o calor da minha ansiedade. Naquele exato momento, receei que não haveria espectro para esclarecer-me sobre o sentido da vida.

Um instante... hei-lo tão magnífico como noutras noites. Já não havia mais frio na barriga, e sim um imenso sorriso, que demonstrava toda a confiança que depositei nesse fantasma camarada. Sua presença fazia o tempo não existir e ao mesmo tempo fazia este mesmo tempo inexistente existir e ser real nesse sonho.

As suas palavras tomavam o lugar do ar, envolviam o ar e chegavam aos meus ouvidos abertos. Sua luz penetrava pela minha pele, me energizando com o calor das suas atitudes e de sua sabedoria.

Voar. Voar o mais alto que puder. Olhar. Olhar cada átomo que puder.

Suas mãos se ofereceram às minhas mãos e então, me convidaram para o vôo dos sonhos, sonho? Não. Apenas um vôo no sonho.

Meu corpo até então preso pela gravidade, obstáculo inicial entre o céu e a terra se tornou tão leve, suave e brilhante que não estava mais no chão. Alcei vôo juntamente com o espectro, que não mais se diferia de mim em nada, apenas na sabedoria.

Em poucos segundos, a minha visão era abrangente e maravilhosa. É diferente observar os movimentos na terra voando por si só. Não é como no vôo de pára-quedas. Mais diferente ainda é que o vôo de avião.

Via que os humanos se movimentavam lentamente. As luzes pareciam formar uma rodovia luminosa. Os telhados eram muito diferentes do que imaginava que eram. Havia uma movimentação dessincronizada e até certo ponto, rudimentar. Eram traços da humanidade cultivados durante milênios.

Estas trivialidades são comuns em quaisquer vôos. Mesmo assim observava estas trivialidades, afinal, não tinha esta oportunidade todos os dias.

“A liberdade do pensamento em relação às atitudes. A expressão sem mentiras. O extermínio da “Síndrome das Alturas”. A conquista de um espaço sem tempo. Morrer. É tão simples morrer”, pensou o espectro.

Durante a viagem, o espectro, agora tão real e idêntico a mim, não disse uma só palavra. E mais, eu não sentia que a sua sabedoria era a condutora momentânea deste vôo. Voávamos, apenas isso.

“As atitudes mentem. O pensamento é o nosso único canal com a verdade. Então, pense”, pensou novamente o espectro.

Estas foram as últimas palavras que captei desse espectro que me conduziu ao infinito.

... Meu quarto não é diferente de outros quartos...