O Dia Ideal
O problema é que não sei bem do que eu gosto, se minha paixão maior é por ela ou pelo sofrimento que ela me causa. Parece mentira quando alguém assume que gosta de sofrer, de repente é mesmo falsidade, acontece que ela me provoca consternação e mesmo assim me aflige ficar mesmo algumas horas longe dela. Lembro de uma época que ela me amimava tanto e tanto que quase deixei de gostar, acho que ela percebeu e não demorou a ser o que realmente era: Uma feiticeira má e bela.
Parece loucura, mas não sei ao certo se ela me faz feliz ou melancólico. Se essa incerteza se ela me ama, se ela me trai, se ela me quer como homem, isso é bom ou ruim? E se eu tivesse certeza, será que é possível ter?
Se soubesse ao menos se quero mudar ou não, as coisas seriam mais fáceis... Se eu fosse um herói, ou ela não fosse uma heroína, eu não teria me viciado, ela é forte ou eu sou fraco? Todos acham ela comum, somente eu a acho super. Não sei se ela é e os outros não percebem ou eu a faço assim.
De qualquer forma não é profícuo pensar em algo durante todo o seu dia e eu só penso nela. O que estará fazendo? O que estará pensando? Com quem estará?
Acho que chegou o momento de terminar com ela. Hoje parece ser o dia ideal, aniversário de dois anos juntos. Marquei nesse barzinho longe de casa e pra variar ela já está meia hora atrasada.
De repente ela chegou, caminha devagar, seus cabelos estão brilhantes e balança suave com o vento. Como é soberba! Deve ter adivinhado o assunto e vestiu-se dessa forma propositalmente, o vestido vermelho afeiçoa no seu corpo fazendo-a ainda mais formosa. Caminha devagar, sorri, ela sabe que contemplo-a dos pés a cabeça, sabe que é irresistível e que a amo.
Observo atrás dela e de frente ao barzinho que existe um motel. Parece ser um motel de luxo. Ela está bem próxima de mim, que pernas, que rosto, que seios! Como é linda! Olho um calendário que está em cima da mesa, hoje é sexta-feira dia treze de junho. Ainda não é o momento, deixa para outro dia...