O ANIVERSÁRIO

No dia que se comemorava a independência do Brasil, dona Benta foi convidada para o aniversário do seu filho de criação Armando.E ao manifestar interesse em ir , sua filha Socorro, para satisfaze-la disse que levava.

No cartão dizia que o aniversário começava as oito horas, mas as seis dona Benta já estava produzida, com o seu xale e o seu colar vindo da França intimando a todo mundo para irem se aprontar.

Lá pelas sete horas, desavisado, com o seu carro limpinho chega Beto, o noivo de sua neta sem saber de nada.

Iminentemente ele é intimado a ir junto e assim, as sete e trinta horas daquele dia 7 de setembro seguiram em dois carros, com o mapa na mão e o celular para o aniversário.

Chegando ao bairro, as árvores em silêncio os recebem com aquele ar sereno frio da noite e aquela escuridão, onde os nosso medos se encontram.

As vista do para brisa do carro uma casa aqui outra acolá, uma garoa fina e muita lagoa para passar, ruas desertas, como um labirinto imenso.

A turma brincou, lembrou do Curupira, do Saci e da Matinta Pereira.Deu-se boas risadas e seguiram entrando naquele bairro, que mais parecia uma mata fechada.Foram para direita, foram para esquerda, deu-se curva, derrapou-se, rodou-se um pouco, até que entraram noutra rua.

Pararam para olhar o mapa, tentaram o celular, mas como não era dia nada conseguiram.

Num verdadeiro rali cujo prêmio seriam os comes e bebes, os competidores empíricos avançavam e pareavam-se para discutir o percurso, para ver o mapa.

De um lado estava o filho de Socorro, com dona Benta, Camilinha e companhia, versos Beto, seu carro limpinho, sua bela noiva, dona Osvaldina e o pai de Camila, foi assim por uma ou duas horas da noite, sob forte chuva e muitas estradas esburacadas.

Alguém da janela que assistia a tudo, como não era costume aquele alvoroço, vencida pelo medo resolveu ligar a polícia.

Um hora depois, lá pelas dez e meia, todos exaustos, a ponto de desistirem foram abordados pela lei.Carteiras e explicações, senhoras e palavrões, algemas e tantas versões acabaram todos sendo escoltados até a delegacia mais próxima acusados por perturbação da ordem.

Na delegacia dona Benta, inconformada soltava uns bons palavrões, os guardas calados pensando no cumprimento da missão acabavam sendo repreendidos pelo delegado, que com muito jeito tentava reparar a situação.

Na saída, Celinha, Iara, Armando e tantos outros, quando souberam vieram para dar apoio e resolverem o episódio, que virou notícia da pesada na televisão.

Agradecimentos a parte, reparações da polícia, risos soltos e a continuação dos palavrões pelas senhoras nortearam o caminho que terminou com o sagrado aniversário do senhor Armando.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 23/06/2008
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