O TEMPLO DE DEUS
Deixamos a vida do campo e nos mudamos para o povoado. Adaptados facilmente à vida em comunidade, fizemos boas amizades, e participávamos dos eventos da cidade, tais como: novenário de Maria e festejos do padroeiro.
Em 1938 André Francisco Rodrigues, alcunhado Andre Ramos, doara um terreno para construção da igreja. Ele era bastante conhecido na circunvizinhança, por seus hábitos de prestar favores e foi o primeiro a obter uma seringa de aplicar injeção. Também fornecia hospedagem – um galpão ao lado da casa e alugava pastagens para tropeiros. Com isso, tornou-se conhecido e referência na região, tanto que se passavam telegramas para o Rodeador, aos cuidados de André Ramos.
Numa de suas viagens ao Maranhão, meu pai telegrafou para o sogro Mariano Grande:
- “Ti” Mariano estou fazendo bons negócios.
De volta, seu Antônio fez uma parada numa casa onde vira uma tropa encostada.
- De onde é essa tropa?
-Do Riachão!
- Quem são vocês?
- Fulano e Fulano...
-E o Senhor, quem é?
-Eu sou Antônio Benedito – moro no Rodeador.
- Ah! Sei quem é. Quando nós passamos no Rodeador, André Ramos disse, que tinha recebido um telegrama seu avisando que estava fazendo bons negócios.
-É, eu passei o telegrama, mas o comércio de alho em Pedreiras tá franco. Tive que ir muita adiante e vendi com pouco lucro. Vocês vão levando mangalho nessas malas?
-Não! Vamos levando armas pra vender no Maranhão. E quando vender tudo, vamos negociar também a tropa.
- Pois com licença, preciso ir.
- Pois não! Nós também já vamos.
Mundo pequeno - dizia o velho para si mesmo! “Aqui no Maranhão encontrar gente que conhece André Ramos?” Contudo, em momento algum recriminou seu André por violar o telegrama, até porque seu André, fazia por ignorar a lei do sigilo.
LIMA,Adalberto;SOUSA, Neomíisa. Saga dos Marianos