URUÊ ELEGE
Alguns rastros de luz começaram a aparecer vagarosamente no caminho. Ele tinha afirmado que seria assim, mandou que aguardássemos, ficamos paradas olhando. A moça de cabelos ruivos, quisera falar algo, ele silenciou-a com um gesto. A luz foi ficando mais intensa, confesso que aquilo já estava me deixando nervosa, com medo mesmo, mas eu não seria a primeira a desistir daquela aventura.
Éramos intrusas naquele meio, o rapaz não, este parecia fazer parte daquele mundo misterioso, seu olhar faiscava, tinha um prazer inebriante, seus traços fisionômicos eram fortes e se intensificavam ainda mais perante aquele estranho espetáculo.
Alguns minutos depois a gruta começou a escurecer, a luz foi enfraquecendo aos poucos, não nego que estava com medo, aliás, muito medo. Todo mundo continuava calado, as respirações e os pingos de água eram os únicos sons que preenchiam aquele espaço. Ficamos completamente no escuro, foi nesse momento que o rapaz pareceu despertar, abriu a sacola que trazia consigo, pegou uma vela, acendeu-a, colocando-a em cima de uma pequena pedra incrustada na parede, em seguida estendeu uma enorme toalha branca sobre as pedras relativamente planas, de onde há alguns minutos saíra a luz. Fez isso com todo cuidado, parecia que cumpria um ritual, ensaiado por algum tempo.
Olhei para as moças ao meu lado e percebi que todas pareciam compartilhar do meu medo, todas tinham um olhar fixo nele, era estranho nada nos prendia, mas continuávamos ali, estáticas e apavoradas.
(continua)