Pâes, padeiros e traições
Ele chegou em casa mais cedo. Ela não estava. Esquisito - pensou ele - ela diz que nunca sai de casa.
Dalí a pouco ela chegava, cantando baixinho, o rosto respigado do chuvisco que caía, o cabelo salpicado de diamantes sob a luz branca da cozinha.
Ele aproximou-se de surpresa, como um rato que se esgueira, pra fazer medo e perguntou de chofre:
- Tava onde?
- Ai! Que susto! Já chegou?
- Não, to na rua.
- Engraçadinho!
- E ai, tava onde?
Ela levantou a sacola de pão quente.
- Comprando pão.
E ele, tranquilo como todo corno que se preze, come o pão quente que lembra vagamente a ela o sabor do corpo forte e moreno do padeiro.