Ser pobre é a peste.
Vinha andando pela rua, acossada pela hora que corria célere. O ônibus! O ônibus!
Ai, meu Deus, ia chegar atrasada de novo! Que inferno. Um dia teria um carro, nem que fosse um Chevette como o do vizinho, que quando a chuva vinha em Feira de Santana ele aqui já estava parando.
Falando em chuva ia chover misérias de novo! Maceió desgraçado. Aqui só tem dois climas - pensava, chateada - quente que só a peste ou chovendo como a bixiga! Ai, já começou. A sacola de plástico protegeu a escovinha feita no sábado. Diabo que não tinha mais a sombrinha, também a de cinco reais não aguenta um vento, vira parabólica...ser pobre é a peste!
Na esquina o enorme carro preto, uma Pejero Full se não me engano, pisca o farol. Pra que? se o sinal estava fechado? Seria um sinal para ela? Seria? Seria?
Nunca soube, o ônibus chegou primeiro.