EPIFANIA

Louca e sedenta, saiu nua pela rua. Seu riso amedrontava quem a via. Pulava balançando as mamas e brincava no sereno, na calçada. Pouco demorou para o povo ajuntar. E como no circo, fizeram o círculo para observar a negra nua, de peitos fartos bamboleantes e muitos pêlos pubianos.

“Deveria alguém acabar com esse show” – a senhora despeitada, desejava ser olhada, cobiçada. Mas sempre fora uma tábua.

“Chame a polícia, essa é doida”, - bradava outra.

Mas um grupo de jovenzinhas media seus peitos. Não podia vencer a negra.

A noite foi caindo, as pessoas se movendo. Cada qual nos seus afazeres.

A doida, muito cansada, deitou-se de baixo de uma árvore e por causa do frio intenso, a Sete copas cobriu o corpo moribundo. Mais tarde fora enterrada como indigente.

As vizinhazinhas deixaram homenagem escrita a esmalte. Num papel com uma rosa. “Morreu a louca da rua das virgens. Essa era das nossas.”