Apenas uma distração
Faltava-me pouco. Sim. Muito pouco. Se eu não conseguisse naquele momento, poderia ficar louco, possesso de raiva. Mas no fim, até que deu certo. Pude seguir meu caminho. Longo e árduo. Não há mais festa nem comemorações com vinho. Hei de partir pro desconhecido. Hei de ficar perdido e não querer me achar. Vão querer me encontrar. Com certeza. Mas não conseguirão. Vou me esconder entre o silêncio e o infinito, entre o passado e o indefinido. E seguirei rumo ao estranho universo do improvável, do duvidoso, do eterno se eu..., preso na condição de ser e de viver sem saber onde vou parar. Mas isso não passa de um mero pensamento, de uma mera desconcentração, afinal onde mais posso ir enquanto estou dentro desse ônibus que me leva todo dia pro mesmo lugar?
Mesmo assim faltava-me pouco para não ir mais longe do que consigo ir enquanto estou apenas imaginando. Só estou querendo sair da rotina de ter que olhar pras mesmas ruas, prédios e casas. Quando mergulhei no pensamento e vi tudo aquilo sumir, senti-me completo como pessoa, mas já disse: Se eu não conseguisse naquele momento, poderia ficar louco, possesso de raiva. Maldito é aquele que interrompeu a minha viagem ao nada existente que existe num mundo próximo daqui. Muito próximo. Agora acordo e começa tudo de novo essa realidade cinza e sem graça.