Uma nuvem que virou gente.
Antes da missa, um garotinho, solto pelo pai, foi à sacristia para buscar um copo d'água. Estavam ali de viagem. A ida dele fora muito acimada: o menino não tirou os olhos das paredes e dos tetos muito enfeitados em ouro e imagens. Um deslumbre completo, até chegar à porta, quase duas vezes o tamanho dele. O esforço todo para alcançar a maçaneta fora em vão, pois ela, sozinha, girou. A porta abriu, revelou uma parede muito branca. E viva. O menino assustou-se muito. Gritou que era um fantasma. Era apenas o cerimoniário, estava para acender as velas do altar, preparar a missa, mas o menininho, emedado, impediu, quase com cara de choro. Dizia muito, estático: — Fantasma, fantasma! O rapaz, muito sorridente, apenas disse, envolto de sua sobrepeliz: — Não sou fantasma, sou uma nuvem que virou gente!