Phill
O cheiro do café pairou no ar e isso significa que são por volta de cinco da manhã. Para Phill se café fosse uma palavra seria introspecção. Já é a terceira madrugada que ele passa em claro. Já era costume rabiscar frases que deveriam ser poemas, mas que não se tornavam um porque ele nunca terminava o seu texto. Phill levava consigo um caderninho de bolso, capa dourada e um pouco grosso a mais de três anos com várias páginas em branco. A saúde desse homem comum parece dizer que ele não conseguirá completar aquele caderno, mas por algum motivo ele insiste em todos os dias escrever ao menos uma nova frase.
-Phill, o café está pronto.
-Que boa notícia. Já vou.
Ele poderia simplesmente se levantar e se sentar à mesa quando o cheiro do café ameaçava tomar conta da casa. Mas Phill amava ouvir o convite.
-Como passou a noite?
-Insônia. E já é o terceiro dia.
-Sinto muito. Imagino que tem sido difícil.
...
Depois do café Phill retornou ao quarto, e escreveu em seu caderno. Por volta das 9 h escutaram um suspiro peculiar. Pensaram que se tratava de um suspiro poético, comum aos poetas.
Mas quando chegaram no quarto viram que era Phill depois de uma agonia um pouco silenciosa... ele tinha nas mãos o seu caderno.
Um suspiro poético...?
[...] Pois bem, eu não me arrisco a dizer o contrário.
Fim.