A caixa
Os detalhes antecederam a minha morte. A ferrugem revelava o metal, que, em contato com minha pele, se mostrava frio, da caixa que me aprisionava. A escuridão era como antes da criação, interrompida apenas pelos meus próprios gemidos. O cheiro do sangue seco que impregnava a caixa e entrava nas minhas narinas era um lembrete constante da minha agonia. Mas a dor física era desnorteante. A cada segundo, meus pensamentos me levavam a um abismo de insanidade. Aqueles que eu havia magoado surgiam em minha mente, acusando-me com seus olhares. A cada lembrança, a culpa me corroía por dentro. A caixa de ferro se tornou meu confessionário, o lugar onde eu seria julgado e condenado pelos meus pecados. Eram lembranças, pesadelos ou algo mais? O nó entre a realidade e a fantasia se desfez, e eu me perdi em confusão mental. A cada batida ansiosa do meu coração, sentia a vida se esvair, como se uma força invisível me puxasse para o além. A falta de ar era excruciante. O pânico me torturava, e a cada tentativa de me mover, a dor se intensificava. A claustrofobia me sufocava, e a escuridão me envolvia como um manto mortuário. Senti meu corpo entorpecer e a vida se esvaindo a cada batida fraca do meu coração. A morte chegou silenciosa, como um ladrão na noite, roubando meus últimos suspiros. Entreguei-me, esperando encontrar a paz.