O silêncio fala - cenas cotidianas 19
Ela entrou no Café e fez seu pedido habitual. Jordana era uma mulher de semblante sereno, olhos profundos e um sorriso discreto que escondia a solidão que carregava consigo. Todos os dias, ela ocupava a mesma mesa perto da janela, observando o vai e vem das pessoas do lado de fora.
Jordana tinha o hábito de pedir sempre o mesmo café e um pedaço de bolo de chocolate, sua pequena indulgência diária. Ela gostava da atmosfera tranquila daquele lugar, do aroma do café recém-passado e da música suave que ecoava pelo ambiente. Era ali, naquele cantinho especial, que ela se refugiava do mundo exterior.
Os frequentadores do Café a viam como uma figura enigmática, sempre imersa em seus pensamentos, folheando livros ou escrevendo em um pequeno caderno de capa desgastada. Produzia histórias que revelaria em seu próximo livro .Poucos se atreviam a puxar assunto com ela, respeitando a aura de solidão que a envolvia.
Mas o que ninguém sabia era que Jordana encontrava conforto na solidão daquele lugar. Ali, ela podia ser ela mesma, sem máscaras ou expectativas. Enquanto saboreava seu café e devorava cada página de um livro antigo e redigia cenas que brotavam em sua mente, ela se reconectava consigo mesma e com suas emoções mais profundas.
Era como se o silêncio do Café falasse diretamente à sua alma solitária, acalmando suas inquietações e acalentando seus anseios mais íntimos. Naquele pequeno universo de xícaras fumegantes e murmúrios suaves, Jordana descobria a beleza da solidão e a força que residia em sua própria companhia.
E assim, entre goles de café e pensamentos silenciosos, ela aprendeu a apreciar a solidão como uma oportunidade para se reconectar consigo mesma e encontrar paz no meio do caos do mundo exterior.
Certa manhã, ela não apareceu e nem nas outras seguintes . Teria finalmente terminado seu livro ou sua solidão arrumaram uma companhia que não fosse uma xícara de café. Sua presença fazia falta.