O.doce sabor da memória  - cenas cotidianas 18

 

 

 

Clara percebeu que na confeitaria não havia nenhum cheiro de sua infância.  Parecia tudo tão artificial. Mesmo assim comprou um bolo de aniversário para sua mãe. 

 Recordava com carinho as tardes passadas na cozinha ao lado de sua avó, Dona Ercilia . Um aroma doce que invadia o ambiente , lembrou com carinho ,  um convite para voltar ao passado e reviver as lembranças mais preciosas de sua infância.

Dona Ercilia era conhecida na região pelo seu talento culinário, especialmente quando se tratava de fazer bolos. Cada receita era um segredo guardado com amor e transmitido de geração em geração. Clara se encantava ao ver a avó misturando os ingredientes com maestria, sempre com um sorriso afetuoso no rosto.

Os bolos de Dona Ercilia eram mais do que simples sobremesas; eram pedaços de história, de afeto e de tradição. Cada mordida era um mergulho no passado, repleto de momentos felizes e acolhedores.

Ao provar um pedaço do bolo recém-saído do forno antigo, Clara revivia e se transportava para as tardes ensolaradas em que brincava pelo quintal, esperando ansiosamente pelo momento de saborear aquela delícia feita com tanto cuidado e amor.

Mesmo após tantos anos, o sabor dos bolos de Dona Ercilia permanecia vivo na memória de Clara, como uma doce lembrança que aquecia seu coração nos dias mais difíceis. Os bolos não eram apenas uma sobremesa; eram a materialização do amor incondicional da avó e da conexão especial entre elas.

E assim, entre fatias de bolo e histórias compartilhadas, Clara aprendeu que as lembranças podem ser tão doces e reconfortantes quanto o sabor daqueles bolos feitos com tanto carinho por sua querida avó.

Chegou em casa com um tom nostálgico e ficou feliz com o ar de surpresa no olhar de sua mãe , agora incapacitada de fazer aquelas golusemas aprendidas por D Ercilia. 

Vieram alguns parentes, tinha refrigerantes e uma velinha para cantar o parabéns.  

- Faz um pedido, mãe! 

Ela não fez , assoprou  a vela vendo uma última réstia de fumaça tremular ao vento que vinha da janela. 

Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 06/07/2024
Código do texto: T8100909
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