A escada - cenas cotidianas 11
D Marilda dizia ser a escada amaldiçoada. Seu quarto era no andar térreo.
O pai caíra da escada e chegou morto ao chão. Os médicos disseram que ele havia enfartado.
O filho mais novo levou um tombo da escada e quebrou o nariz.
A filha no dia da formatura, descendo a escada num lindo vestido bordado em pérolas, tropeçou e a saia do vestido se rasgou. Ela não se machucou mas também não pode comparecer ao evento na falta de outro vestido.
O marido de D. Matilda chamou um mestre de obras para verificar se havia algum defeito ou desnível na escada. Mas ela parecia perfeita.
A empregada levou um escorregão nos degraus quando foi arrumar o andar de cima. Quebrou a perna.
D. Matilda insistia com o marido para se mudarem de casa. Esta ainda não estava quitada e ele negava sempre a proposta.
Até que um dia D. Marilda, pronta para sair, percebeu que sua filha pegara seu par de sapatos preferido e não devolveu ao quarto da mãe. Ainda pensou em usar outro, mas decidida e enfurecida com a filha, subiu até seu quarto. Lá mesmo calçou os sapatos e desceu bem devagar segurando no corrimão um tanto assustada.
Bem vestida, de salto alto, trancou a porta da entrada para se juntar ao marido e aos filhos na garagem.
No jardim, torceu o pé numa pedra e foi parar no chão.