Empatia
Era uma vez dois senhores muito respeitáveis que não se respeitavam e viviam saindo na mão por conta de suas divergências políticas: Um defendia o cachaceiro e o outro defendia o Boçal-Naro. Por anos e anos sempre acontecia um barraco toda vez em que eles se encontravam com os argumentos mais bizarros e improváveis, típicos dessas desavenças...
Numa bela manhã de Domingo, em plena feira, na barraca de pastel, novo reencontro, troca de ofensas, agressão fisica, sangue escorrendo, tumulto, desespero e gritaria.
Depois do quebra quebra, cada qual volta para o aconchego de seus lares e como em uma conversão religiosa, os cidadãos, invertem a casaca: o boçal se olha no espelho e faz o L e o Velho Barreiro, arrisca a simulação da metranca.
Uma semana depois, a dupla se reencontra no velório de um ex-amigo em comum, e tudo se repete: Baixa a nuvem negra, elogios são trocados, introjeção de dedo no cool, gritaria, etc. etc. etc. Tudo exatamente igual antes, mas ao mesmo tempo, tudo completamente diferente. Agora eles entenderam o que significa empatia.
Obs: Esta anedota faz referência ao conto "Os dois homens instruídos" de Kahlil Gibran.