A SURRA DO ANJO... Série Figuras de Conquista

SÉRIE FIGURAS DE CONQUISTA - BAHIA

Dedico este conto ao poeta, contista e advogado Afrãnio Garcêz que deu-me luzes, enriquecendo esta narrativa...

A SURRA DO ANJO

Filinho Candeâo era uma figura folclórica que viveu em Conquista até a década de 1990. Gozava da simpatia do Padre Palmeira e era seu protegido.

Vivia da venda de bilhetes de loteria e costumava abordar os compradores alegando ter sonhado com o primeiro prêmio. Em outras ocasiões, de posse da placa do veículo dos pretensos fregueses, apresentava um bilhete que dizia a sorte premiada com o mesmo número da placa do carro... E assim levava a vida.

Mas era falador e na Praça Barão do Rio Branco, em Vitória da Conquista, falava mal de Deus e o mundo que não fosse da corrente política do Padre Palmeira

Costumava falar mal dos chefes políticos contrários, principalmente não poupava a família Gusmão que era hegemônica no poder à época. Numa dessas, um dos integrantes da guarda municipal que servia no Mercadão, de nome Ângelo, deu-lhe uma surra tremenda. Todo moído, a vítima correu para a proteção do Padre e lá chegando foi dizendo que havia levado uma surra danada porque estava defendendo o Padre e que teria falado cobras e lagartos da família Gusmão.

O Padre ouvia a narrativa e vez por outra perguntava ao Filinho, quem o teria agredido... Filinho prosseguia com a mesma lenga-lenga, sem dizer o nome do agressor, mas que teria sido Nelson Gusmão, Nenê de Balduíno e outros membros da família... E o Padre insistia... “Filinho, diga-me criatura, quem foi o homem que bateu em você?!!” e Filinho resolveu desembuchar: “Olha seu padre, foi o Anjo”... Aí o padre retrucou: “Ora, ora, seu Filinho, o Sr. deu foi muita sorte de ter sido agredido por um Anjo. Imagine se tivesse sido agredido pelo Satanás”! Filinho não gostou muito da brincadeira e foi pra casa curar suas feridas...

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 29/11/2005
Reeditado em 31/08/2008
Código do texto: T78095
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.