O PREFEITO, O PADRE E O JUMENTO... Série Figuras de Conquista

SÉRIE FIGURAS DE CONQUISTA - BAHIA

O PREFEITO, O PADRE E O JUMENTO...

Nos idos dos anos 1940/1950, em Vitória da Conquista, havia uma acirrada luta política entre meletes e péduros que originou-se no tempo dos coronéis, Cada chefe político tinha seus jagunços que faziam e aconteciam com ordem e, às vezes, sem ordem dos seus patrões, naquela velha mania de bajular, própria dos subservientes.

Este fato ocorreu quando o prefeito da cidade era Edvaldo Flores, que pertencia a uma facção política antagônica do Padre Palmeira, que era político e educador, oriundo de Palmeiras dos Índios, Alagoas.

Eis que, um jumento tombou morto nas proximidades do Ginásio de Conquista, cujo diretor era o valente Padre Palmeira, temperamental, afeito a brigas, etc. A demora na remoção do animal fez o padre enviar emissário ao prefeito comunicando a morte do jegue, pedindo-lhe que mandasse removê-lo uma vez que encontrava-se em estado de putrefação, criando problemas para alunos, professores , funcionários e pedestres.

O prefeito aproveitou-se da animosidade do grupo para cutucar o padre, fazendo o emissário voltar com uma resposta jocosa: “O padre, um pastor a serviço dos céus e guardião das almas é quem deveria prestar a requerida ajuda ao asno”...

O padre, indignado, mas de forma hilárica, devolveu o insulto ao prefeito: “ Sinto-me convencido das minhas obrigações pastorais e jamais faltei em consolar e encaminhar as almas convenientemente. Entretanto, quando recebo notícias da morte de quem quer que seja, sinto-me na obrigação cristã de fazer o devido comunicado à sua família, em primeiro lugar”...

Este diálogo à distância criou grande celeuma e foi motivo de gozação na cidade por muitos e muitos anos...

O Padre Palmeira posteriormente seria Secretário de Estado de Educação da Bahia e deputado estadual.

Edvaldo Oliveira Flores, além de prefeito, foi deputado federal, vice-governador da Bahia (1983/1987) e governador tampão, em 1986, substituindo o então governador João Durval Carneiro.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 29/11/2005
Reeditado em 31/08/2008
Código do texto: T78094
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