O senhor Makio.
Em verdade, que queria o senhor Makio? Todas as minhas visitas, desde criancinha até meus 14 anos, parece, foram ignoradas por ele; frequentemente calado, parado, nalgum lugar, como se brincasse de sério com algum objeto escolhido à sorte no dia. Mas, na minha chegada aos 15, esse ano, também, que perdi minha mãe, ele, pela primeira vez vi, desviou o olhar, mesmo de relance, a mim. Aí, dias depois, foi a primeira vez que me chamou, sentei à sua frente e ele me encarou por alguns minutos, depois me dispensou. Makio, para mim, sempre foi enigmático - depois desse episódio a minha confusão acerca dele só aumentou. Uma vez ele veio à escola (era bem longe, recebera notícia de que o trem iria à manuntenção) buscar-nos. Primeiro passou na minha sala e, daquele jeito de sempre, como uma colina de pedra, me encarou com sua rigidez e entregou-me uma caixinha, cabia direitinho na palma de minha mão, e um paninho de seda branco escapava de dentro. Mesmo sem dizer uma única palavra, entendi que era um segredo. Depois, fomos à sala do meu primo e voltamos para casa.