Encontro

Arrastava-se pelas ruas, naquela abafada tarde de fevereiro. Um problema bastante premente dava-lhe vontade de desistir, de voltar para casa e refugiar-se em seus pensamentos. Mas, fora convidada a comparecer, não queria decepcionar uma amiga muito querida, que a sustentava em sua fragilidade.

A sala estava ocupada por várias mulheres estendidas em tapetes estreitos. Parou na porta, um tanto quanto insegura. A professora apontou-lhe o banheiro, se quisesse colocar uma roupa mais confortável. Ela assentiu e dirigiu-se à sala contígua.

– Podes te acomodar. Tu és nova, fazes o que puderes. Conversamos depois.

Encontrou um nicho onde dispôs o seu colchonete. As instruções, as posições, as técnicas se sucederam. Tensões, relaxamentos... De vez em quando, ela se lembrava do problema que a tinha conduzido até ali, rumo àquela prática multimilenar, que tantas vezes quisera realizar. E, agora, ali estava ela, tentando conectar-se com o universo. Ela e o universo, numa plena sintonia.

– E então? – Um belo sorriso diante dela, a empatia que se estabelecia, um novo foco.

– Gostei, vou voltar.

Mergulhou na rua em que reinava um sol escaldante, foi vencendo cada pedaço de caminho, pensando que talvez fosse capaz de superar as suas dificuldades. Aquela conexão, que acabara de experimentar, lhe dava uma nova e inusitada energia.