Ódio
Rua escura. Bar à frente. Bêbados figurantes. Taxi Driver. Abre as portas do veículo amarelo-ovo e dirige-se ao recinto degradável. Obesidade mórbida de cabelos escassos e brancos acinzentados a ingerir líquido amarelo-mijo de canudinho. Rosto conhecido. Nojo. Repulsa. Inveja. Ódio. Quem seria tal abominável ser que me desconcentrara em minha arte de chutar chapinhas pela escuridão da madrugada? Por que construo sentenças tão longas? Porque Longa é a duração do meu rancor.
Mendigos nas ruas. Luzes apagadas. Jukebox alta. Homem grande de canudinho. Recipiente com borbulhas. Líquido gelado. Sangue quente. Bolso cheio. Bolso volumoso. Cheiro de metal. Metal no bolso. Calçada do bar. Olhar do homem. Meu olhar. Arma no bolso. Bolso vazio. Arma na mão. Flexão no dedo. Barulho. Estrnodo seco. Copo quebrado no chão. Líquido amarelo, sem borbulhas a escorrer pelo bueiro em câmera rápida. Canudinho sujo aos meus pés. Vermelho a escorrer pela calçada em câmera lenta.