Férias forçadas
Quarto dia, repito pausadamente para mim mesma, quarto dia. Caminho pela casa, dou uma espiada nos fundos. Bob, o leal companheiro, vem em minha direção. Poderia abrir a porta e abraçá-lo. Mas, não. Sorrio e abano. Lentamente, me retiro.
Quinto dia, um opulento dia de sol. Vontade de me atirar em uma praia, ouvindo o barulhinho das ondas do mar. Vontade de me entregar a esse sol abrasante. Sento diante de uma janela, o calor me faz adormecer. Dormito por uns minutos. O telefone me acorda.
Chega o sexto dia. Como, sexto dia? Ainda não fiz nada, absolutamente nada. E todas as tarefas que tinha me prometido fazer? Nem conto os primeiros dias, adaptação, indisposições várias. Mas, agora… Outro dia de praia! Quem diria, depois de tantos dias imprestáveis! A tarde já declina quando me sento diante do computador.
Sétimo dia. Parece que me incorporei a essa temporada inusitada. Eu me preparo para sair sem muita expectativa. Como se fossem cavacos do ofício. Faço questão de ter certezas, por isso vou realizar novo teste. A enfermeira afirma, com boa disposição: Liberada! Essa palavra faz piruetas na minha cabeça.